O Parlamento da Irlanda votou nesta quinta-feira 11 para pressionar o governo a liderar a oposição dentro da União Europeia (UE) ao acordo comercial que Bruxelas selou com o Mercosul.
Há duas semanas, a UE se tornou o primeiro grande parceiro com o qual o Mercosul fechou acordo. O bloco dos países sul-americanos se comprometeu com mercados mais abertos em face de uma crescente onda de protecionismo e ofereceu a empresas europeias uma possível vantagem.
A Irlanda, como um dos menores países do bloco de 28 membros, precisaria da ajuda de outros Estados-membros para formar uma minoria de impedimento caso busque rejeitar o acordo, já que a ratificação irá eventualmente passar por um voto de maioria qualificada.
Até agora o acordo do Mercosul, que tem o potencial para impulsionar as exportações de carne bovina da América do Sul para a UE, também teve resistência da França, que abriga o maior setor agrícola da UE.
Nesta quinta, parlamentares irlandeses aprovaram uma emenda proposta pelo partido da oposição Sinn Féin por 84 votos a favor e 46 contra. O texto é apenas simbólico e não tem valor vinculativo, mas coloca mais pressão sobre a UE.
A moção pedia ao governo que usasse de “todos meios legais e políticos disponíveis para frustrar e impedir” o acordo que gerou reações negativas de produtores e políticos irlandeses. A proposta afirmava ainda que o pacto com o Mercosul é “ruim para a Irlanda e para o planeta”.
Na quarta-feira 10, centenas de produtores de carne marcharem no Parlamento em oposição ao acordo que, afirmam, vai dizimar o setor na Irlanda. A preocupação dos pecuaristas é que os produtos mais baratos, e de melhor qualidade, vindos da América do Sul representem uma competição maior do que eles podem enfrentar.
Os organizadores do protesto, que já sofrem problemas com o Brexit, afirmam que políticos ligados ao setor rural que não apoiarem suas demandas na serão alvos de críticas nas próximas eleições parlamentares da Irlanda, marcadas para o começo de 2021.
O primeiro-ministro Leo Varadkar disse que o governo votará contra o acordo com o Mercosul se uma avaliação sobre o pacto mostrar que os riscos superam os benefícios.
(Com Reuters)