A Kroton, gigante do setor de educação, anunciou hoje a compra da Somos Educação por 4,6 bilhões de reais. A operação está sujeita à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). No ano passado, o órgão vetou a compra da Estácio pela Kroton.
Para o CEO da Kroton, Rodrigo Galindo, a nova aquisição não tem as mesmas características do negócio frustrado no ano passado pelo Cade. “É uma situação completamente diferente. Com Kroton e Estácio era uma transação de ensino superior com uma grande empresa de ensino superior”, afirmou Galdino. “Com essa negociação, o sistema de ensino é o único ponto que deve passar por análise do Cade. No nosso entendimento não há uma sobreposição relevante”.
Segundo ele, a compra da Somos Educação marca a volta dos investimentos do grupo na educação básica. “De 1966 até 2002, a Kroton foi exclusivamente uma empresa de educação básica. Agora, estamos voltando às origens. Sempre mantivemos a operação da educação básica, mas agora isso toma uma proporção bem mais relevante”, disse Galindo.
Com a aquisição da Somos Educação, a educação básica passa a representar 28% da receita líquida da Kroton – fatia que hoje corresponde a 3%.
É o segundo movimento da Kroton em direção ao ensino básico neste ano. No início do mês, o grupo criou a holding Saber, com foco na educação básica, e anunciou a compra do Centro Educacional Leonardo Da Vinci, em Vitória, no Espírito Santo, por valor não revelado. Galindo disse que a empresa deve anunciar compra de mais duas escolas de educação básica até o fim deste ano.
Até então, 97% dos negócios da empresa envolviam a educação superior. O mercado brasileiro de educação básica soma 101 bilhões de reais ao ano – na comparação com o ensino superior, o mercado de educação básica é 83% maior.
Segundo Galindo, o valor total desembolsado pela Kroton pode chegar a 6,2 bilhões de reais após oferta para aquisição de ações (OPA). Para cumprir com a negociação, o grupo ainda prevê a emissão de dívida – a Kroton possui caixa líquido de 1,7 bilhão de reais.