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FGTS ajuda a alavancar comércio, que fecha 2019 em alta de 1,8%

Apesar da expansão, ritmo foi mais lento que em 2017 e 2018; vendas em dezembro recuaram 0,1% em relação a novembro

Por Larissa Quintino Atualizado em 12 fev 2020, 10h07 - Publicado em 12 fev 2020, 09h38
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  • A liberação dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) ajudou a dinamizar o setor do varejo no segundo semestre de 2019 e puxar, pelo terceiro ano consecutivo, taxa positiva no setor. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), divulgados nesta quarta-feira, 12, o comércio registrou alta de 1,8% no ano. Apesar de positivo, o resultado é menor que em 2017 (2,1%) e 2018 (2,3%).

    Os dados da Pesquisa Mensal do Comércio apontam que o dinamismo da atividade comercial aumentou no segundo semestre, com expansão de 3,3%, enquanto que no primeiro semestre o avanço foi só de 0,6%. O saque imediato do FGTS foi uma medida do governo para tentar alavancar o consumo. “A presença de recurso livre adicional devido a liberação dos saques nas contas do FGTS a partir do mês de setembro e a melhoria na concessão de crédito à pessoa física são alguns fatores que podem ter influenciado esse resultado no segundo semestre. O comércio ainda não se recuperou totalmente da crise de 2015 e 2016, mas está em seu momento mais elevado desde outubro de 2014”, explica a gerente da pesquisa, Isabella Nunes.

    O saque imediato do FGTS liberou para movimentação até 998 reais por conta ativa e inativa do trabalhador (inicialmente, o valor era limitado a 500 reais). Até 30 de dezembro, foram pagos 26 bilhões de reais para cerca de 56 milhões de trabalhadores. Os recursos ainda estão disponíveis para saque até 31 de março. Depois desse período, voltam para as contas do fundo. A liberação do saque imediato para tentar impulsionar a economia já havia acontecido em 2017. O governo Michel Temer autorizou a movimentação de contas inativas (resultantes de contratos de trabalhos encerrados sem justa causa), para tentar dinamizar o consumo e impulsionar uma reação econômica, que vinha de dois anos de recessão. Na ocasião, o PIB cresceu 1,3% e as vendas no varejo avançaram mais de 2%.   

    Derrapada em dezembro

    O resultado do comércio poderia ser ligeiramente melhor no ano porque em dezembro, mês que tradicionalmente existe aumento nas vendas, houve retração de 0,1%. A queda foi a primeira em sete meses e motivada, principalmente, pelo tombo nas vendas em supermercados e hipermercados (-1,2%), ocasionada principalmente pela alta no preço das carnes, que disparou no final de 2019. “Essa atividade, que tem peso de 44% no total do varejo, foi particularmente afetada pelo comportamento dos preços das carnes”, ressalta Isabella Nunes.

    Também tiveram resultado negativo nessa comparação: artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-2,0%); tecidos, vestuário e calçados (-1,0%); equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-10,9%); combustíveis e lubrificantes (-0,4%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,1%). Em contrapartida, dois setores mostraram avanço, suavizando a queda no indicador geral estão os móveis e eletrodomésticos (3,4%) e os livros, jornais, revistas e papelaria (11,6%).

    “A Black Friday em 2019 caiu na última sexta-feira do mês de novembro, o que levou o comércio a expandir as promoções para o fim de semana e, assim, muitas das vendas desse evento ocorreram já em dezembro, no domingo do dia 1º. Isso pode ter influenciado nos resultados positivos para o setor de móveis e eletrodomésticos”, analisa a gerente da pesquisa. Em comparação com dezembro de 2018, houve avanço de 2,6% nas vendas. 

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