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A hora decisiva para o ensino profissional e tecnológico no Brasil

Nova edição do VEJA Insights apresenta propostas para universalizar e modernizar a educação do país

Por Da Redação Atualizado em 11 set 2023, 18h21 - Publicado em 30 ago 2023, 10h00
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  • Os Estados Unidos conseguiram matricular mais de 90% de suas crianças na escola em 1900. Esse patamar só foi atingido pelo Brasil no início dos anos 2000, mais de cem anos depois. Não é de se espantar, pois, que duas pesquisas realizadas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e pelo Serviço Social da Indústria (Sesi) – uma com 2.007 brasileiros e outra com 1.001 empresários de pequenas, médias e grandes indústrias – tenham mostrado que a população não avalia como boa a educação no país, tema do VEJA Insights deste mês. Estamos mesmo muito atrás nesta corrida. A população reconhece que há uma lacuna no início da escolarização. A alfabetização tem a pior avaliação de qualidade: 47% dos entrevistados a consideram boa ou ótima e 20% ruim ou péssima.

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    As deficiências no primeiro passo das crianças na educação formal acabam se arrastando por toda a sua vida escolar, o que certamente contribui para outro dado alarmante. Só 15% dos brasileiros com mais de 16 anos afirmam que estudam atualmente (ensino fundamental, ensino médio, técnico, superior ou pós-graduação) – 53% na faixa etária de 16 a 24 anos. Enquanto o mundo todo discute o aprendizado ao longo da vida, para requalificar e realocar os trabalhadores, aqui ainda se briga com os altos índices de evasão e a baixa escolaridade da população. “Não podemos ter um projeto de país, para o desenvolvimento social e econômico, sem considerar a educação”, alerta o diretor-geral do Senai e diretor-superintendente do Sesi, Rafael Lucchesi.

    A reforma do ensino médio aprovada em 2017, que começou a ser implementada em 2021 e ora se encontra com o cronograma pausado pelo Ministério da Educação para discutir com a sociedade civil desejáveis ajustes em seu desenho e execução, é uma esperança de dias melhores. O chamado Novo Ensino Médio traz como bem-vindas mudanças o aumento na carga horária, a flexibilização na escolha das disciplinas por parte dos alunos, e a proposta de universalização da oferta de Ensino Profissional e Tecnológico em todo o Brasil. A ideia vai ao encontro do que tanto a população em geral quanto os industriais acreditam ser o melhor caminho. Para um terço dos empresários, o EPT é o ponto mais forte da educação pública nacional, bem à frente do segundo colocado da lista (o ensino superior, com 23%). Já entre o grande público a aceitação é ainda maior, já que 66% o julgam ótimo ou bom.

    Na visão dos empresários, os pontos positivos da formação técnica são: preparar melhor para o mercado de trabalho (45%), cursos mais focados (28%), cursos mais práticos (22%), boa aceitação no mercado de trabalho (18%), ter mais conhecimento/habilidades (17) e começo na carreira profissional (16%).

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    É por tudo isso que 91% dos entrevistados no público geral recomendam aos jovens que o façam, número que pula para 97% entre os que o cursaram no passado. A mesma proporção de empresários aponta que os cursos técnicos permitem ingresso mais rápido no mercado de trabalho e que é mais fácil conseguir um emprego com formação profissional. Para 85%, os cursos técnicos permitem concorrer a uma oferta maior de vagas de emprego. Na comparação com o ensino superior, para 63% o curso técnico dá grande vantagem para se conseguir o primeiro emprego; e, para 75%, são cursos mais ligados às necessidades do mercado.

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    É diante do desafio de conciliar as demandas do setor produtivo com as políticas para a juventude que 21% dos empresários colocam o ensino técnico como prioridade na pauta educacional do governo para os próximos anos, ficando atrás apenas do ensino fundamental (33%) e na frente da alfabetização (18%) e do ensino médio (17%).

    Hoje, em uma escala de 0 a 10, os empresários dão nota 4,5 para o incentivo do poder público ao desenvolvimento do ensino técnico no país. Para 46% das pessoas ouvidas, a qualificação dos trabalhadores é mais responsabilidade do estado que da iniciativa privada; para 28%, essa ação deve ser compartilhada igualmente; e 9% defendem que é mais da iniciativa privada que do estado. Só 13% acreditam que é exclusivamente do estado e 2% exclusivamente do setor privado.

    Apesar da avaliação positiva e do crescente interesse, o país está distante de cumprir a meta de expansão da oferta prevista no Plano Nacional de Educação (PNE). O Brasil deveria alcançar 4,8 milhões de matrículas até 2024, contudo, o ano de 2022 fechou com 2,15 milhões de matrículas, sendo 1,24 milhão na rede pública. Ainda que muitos optem pela formação após o ensino médio, o avanço das matrículas no geral tem sido lento. Junte-se a isso o fato de que só 23,8% dos brasileiros de 18 a 24 anos estão no ensino superior, segundo o Anuário Brasileiro da Educação Básica 2021.

    Na edição deste mês, em parceria com a Confederação Nacional da Indústria, VEJA Insights mostra quais são as principais iniciativas para universalizar e melhorar a educação no Brasil, além de apontar o que mais pode ser feito. Clique para fazer o download gratuito.

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