Pouco depois de o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmar que a fala de Luís Roberto Barroso de que “derrotamos o bolsonarismo” foi “inadequada, inoportuna e infeliz” e cobrar uma retratação, o ministro do STF divulgou uma nota há pouco na qual fez uma espécie de retratação pelo uso da expressão.
“Na data de ontem [quarta-feira], em Congresso da União Nacional dos Estudantes, utilizei a expressão ‘Derrotamos o Bolsonarismo’, quando na verdade me referia ao extremismo golpista e violento que se manifestou no 8 de janeiro e que corresponde a uma minoria”, afirmou Barroso, que é vice-presidente do Supremo e assumirá o comando da Corte em setembro, com a aposentadoria compulsória da atual presidente Rosa Weber.
“Jamais pretendi ofender os 58 milhões de eleitores do ex-Presidente nem criticar uma visão de mundo conservadora e democrática, que é perfeitamente legítima. Tenho o maior respeito por todos os eleitores e por todos os políticos democratas, sejam eles conservadores, liberais ou progressistas”, concluiu o ministro, sem citar o nome de Jair Bolsonaro.
Durante seu pronunciamento no evento da UNE, na noite desta quarta, Barroso afirmou que “nós estamos criando um futuro novo e enfrentando a desigualdade racial, de modo que eu saio daqui com a energia renovada, pela concordância e pela discordância”. “Porque essa é a democracia que nós conquistamos. Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre a todas as pessoas”, complementou.
Mais cedo, o STF havia informado que Barroso, o ministro da Justiça, Flávio Dino, e o deputado federal Orlando Silva estiveram juntos no congresso da entidade, “para uma breve intervenção sobre autoritarismo e discursos de ódio”.
“Todos eles participaram do Movimento Estudantil na sua juventude. Apesar do divulgado, os três foram muito aplaudidos. As vaias – que fazem parte da democracia – vieram de um pequeno grupo ligado ao Partido Comunista Brasileiro, que faz oposição à atual gestão da UNE. Como se extrai claramente do contexto da fala do Ministro Barroso, a frase ‘Nós derrotamos a ditadura e o bolsonarismo’ referia-se ao voto popular e não à atuação de qualquer instituição”, afirmou a Corte.