Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês

Paulo Cezar Caju

Por Paulo Cezar Caju Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
O papo reto do craque que joga contra o lugar-comum
Continua após publicidade

Clube dos Riquinhos x Uefa: não há mocinho nessa briga

Movimentos como essa tal Superliga são totalmente elitistas e lembram o Clube dos 13. Depois não sabem como alguns clubes tradicionais desapareceram do mapa

Por Paulo Cezar Caju Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 19 abr 2021, 14h53
  • Seguir materia Seguindo materia
  • A novidade da vez são os 12 clubes da Europa criando a Superliga das Campeãs com uma premiação estratosférica. Podiam batizar essa Liga de Clube dos Riquinhos. Acreditem, nessa briga não tem mocinho. Fifa e Uefa abriram a caixa de ferramentas e ameaçaram até chamar o Japonês da Federal caso os rebeldes insistam em seguir em frente com a ideia. Mas eles que se resolvam por lá. A verdade é que o futebol mundial há muitos anos, me perdoem a expressão, é uma zona e esse movimento só está acontecendo por conta dessas guerras políticas e de patrocinadores.

    Aqui não é diferente, vejam o histórico de confusões da Conmebol. Esse Mundial de Clubes serve apenas para iludir torcedores e os clubes europeus estão pouco se lixando. Já foi Copa Toyota, depois Santander, passou para Bridgestone e, agora, Conmebol. É bom lembrar que movimentos como esse da Super Liga são totalmente elitistas e lembram o Clube dos 13. Depois não sabem como alguns clubes tradicionais desapareceram do mapa. Por isso, sou fã incondicional dos regionais, muito mais democráticos. Adoro a Copa da França, inglesa e a nossa. Gosto de ver uma Portuguesa jogando bem contra o Flamengo, Boavista encarando o Vasco.

    Esse é o verdadeiro papel das federações, não deixar que clubes como Portuguesa Santista e América, por exemplo, quebrem. Mas isso acontece em todas as áreas. Comecei no futebol de salão e volta e meia aparece uma nova federação querendo derrubar a outra. Será que realmente estão preocupadas com a modalidade. Mudam regras, criam regulamentos esdrúxulos e afastam as torcidas. Na minha época, existiam vários clubes de bairro, Magnatas, São Cristóvão Imperial, Grajaú Tênis Clube, Imperial, Minerva, Carioca, Vila Isabel e as quadras viviam lotadas. Aí chega um esperto, um executivo e monta uma federação para caçar níquel, mexer em time que está ganhando.

    • Relacionadas

    O que houve com as competições regionais de futebol de salão? Nunca mais surgiram Vevés, Tambas e Sergio Sapos e clubes com uma história riquíssima, como o Vila Isabel, estão sendo demolidos. O mesmo aconteceu com o futebol de praia. Recebi essa foto pelo zap e, confesso, chorei. Foi impactante para mim porque me remeteu a um tempo maravilhoso, carregado de pureza e alegria. É o time do Columbia, o verde e preto do Leblon. Nessa foto, talvez eu já tivesse até sido campeão, não lembro. Pouco importa, seria logo depois.

    Nosso campo era entre a Rua Rainha Guilhermina e o final do Leblon. Tínhamos dois técnicos, Aurélio e Seu Edu, e os jogos eram diários, entre nós mesmos, sempre às cinco da tarde. Com um pedaço de carvão, Aurélio escalava titulares e reservas na escada de acesso à areia. As competições atraiam milhares, e eram milhares mesmo, de torcedores. Tinha o Juventus, Real Constant, Maravilha, o Lá Vai Bola, o Lagoa, o Dínamo, Grêmio do Leblon, Copaleme, Radar, Tatuís e tantos outros.

    Continua após a publicidade

    Aí virou beach soccer, a tevê se meteu no meio, criaram uma infinidade de regras, surgiram federações e seus “especialistas” querendo comandar o show e deu no que deu, enterraram todo o encanto. Nessa foto, em pé da esquerda para a direita estão meu irmão Fred, Gilo, que funcionava como goleiro e centroavante, Manoel, habilidade pura, meu primo Ronaldo Luiz, e o lateral Reinaldo, muito veloz e que dificilmente era driblado. Agachados, o centroavante Roberto, o volante Léo Júnior, que chegou a jogar no Flamengo e Vitória, Lauro, cracaço que tentei levar para o Botafogo, Julinho Capenga, que esbanjava categoria, e eu. Caminho sempre pelo Leblon e nunca mais vi times treinando. Com alguns desses craques mantenho contato, mas Julinho Capenga nunca mais vi.

    Outro dia me sentei em um banco do calçadão e olhei para o chão. Hoje, os gigantes, os dirigentes glutões, brigam por cotas milionárias e megas patrocinadores, mas não tem verba para ajudar as escolinhas das favelas, cuidar dos campos esburacados dos clubes de menor poder aquisitivo. Saudade de Aurélio e sua pedra de carvão, do futebol de onde vim.

     

     

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    1 Mês por 4,00

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.