Por ora, pelo menos, não convidem para a mesma mesa os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. Se Gilmar não estivesse de férias em Portugal, até que ele o general Fernando Azevedo, ministro da Defesa, poderiam sentar à mesma mesa.
Azevedo já trabalhou no Supremo Tribunal Federal como assessor do ministro Dias Toffoli por indicação do general Eduardo Villas Boas, então comandante do Exército. De resto, por seu temperamento, Azevedo é mais conciliador, jeitoso. Mas nem ele digeriu bem o que Gilmar andou dizendo no fim de semana.
Em palestra no último sábado, Gilmar disse ao comentar o fato de um general (Eduardo Pazuello) estar como ministro interino da Saúde há mais de 25 dias: “Isso é péssimo para a imagem das Forças Armadas. É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável”.
Azevedo respondeu de forma indireta e elegante, citando em detalhes todas as ações das Forças Armadas no combate ao Covid-19. Mas a resposta não agradou aos comandantes militares. Eles e Azevedo chegaram a redigir uma nova nota, essa em termos duros. Mas ainda não a divulgaram. Não se sabe se divulgarão.
Ontem, na sua conta no Twitter, Gilmar publicou duas mensagens. Na primeira, escreveu:
“No aniversário do projeto que leva o nome de Rondon, grande brasileiro notabilizado pela defesa dos povos indígenas, registro meu absoluto respeito e admiração pelas Forças Armadas Brasileiras e a sua fidelidade aos princípios democráticos da Carta de 88.”
Na segunda:
“Não me furto, porém, a criticar a opção de ocupar o Ministério da Saúde predominantemente com militares. A política pública de saúde deve ser pensada e planejada por especialistas, dentro dos marcos constitucionais. Que isso seja revisto, para o bem das FAs e da saúde do Brasil.”