Quando o país precisa ouvir a palavra Impeachment, um dia após o pior Dia da Independência dos últimos 199 anos, não temos um Ulysses Guimarães para entender o espírito do seu tempo e reagir à altura. Temos um Arthur Lira na presidência da Câmara, líder do centrão e um político sem a estatura que o momento histórico necessita, vide seu pronunciamento de hoje.
Enquanto isso, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, colocou a barra no lugar certo ao responder o presidente Jair Bolsonaro, que ameaçou não cumprir decisões judiciais.
“O Supremo Tribunal Federal também não tolerará ameaças à autoridade de suas decisões. Se o desprezo às decisões judiciais ocorre por iniciativa do Chefe de qualquer dos Poderes, essa atitude, além de representar atentado à democracia, configura crime de responsabilidade, a ser analisado pelo Congresso Nacional”.
O problema, ministro Fux, é que Lira quer poder, cargos para colocar apadrinhados, influência sobre orçamentos de ministérios, e não entrar para história do país como aquele que deu um basta em um presidente que escolheu como ofício instalar o caos.
Para a historiadora Heloísa Starling, “nenhum 7 de setembro canalizou risco de destruição da democracia; ameaça de destruição das instituições republicanas; risco de expansão e contágio epidêmico; crise econômica relevante; degradação dos laços de pertencimento social. Tudo isso ao mesmo tempo”.
Lira não entende, ministro Fux, que o país não aguenta mais um presidente da República que gera uma crise nova a cada semana. Só hoje, o dólar disparou para R$ 5,32, e a Ibovespa despencou quase 4%. Neste 8 de setembro, Fux entendeu o zeitgeist, o espírito do tempo, Lira não sabe nem a relevância de um presidente da Câmara para a História.