A decisão do presidente Jair Bolsonaro de apresentar notícia-crime contra Alexandre de Moraes por abuso de autoridade tem um único objetivo: descredibilizar o ministro que, em outubro, anunciará o vencedor das eleições presidenciais.
Bolsonaro já elegeu Alexandre de Moraes como seu “inimigo pessoal” e agora dá mais um passo em direção à narrativa de perseguição que ele provavelmente vai usar em outubro.
Se o cenário desenhado hoje se confirmar, o atual presidente sairá do poder e deve usar o discurso de que foi perseguido e atacado por Moraes, que assumirá o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Essa estratégia já foi usada por Bolsonaro em outras ocasiões. Quando ele critica um veículo de imprensa ou ataca um jornalista de forma direta, por exemplo, o seu objetivo é tirar a legitimidade de profissionais que estão há anos construindo uma carreira sólida.
O que Bolsonaro quer é atacar hoje para se fazer de vítima amanhã. Como se dissesse para os seus seguidores mais fiéis: “Estão vendo, eu avisei que ele (jornalista, órgão de imprensa, ministro de uma Corte superior) era parcial”.
A notícia-crime contra Alexandre de Moraes está nas mãos do ministro Dias Toffoli. Essa será uma ótima oportunidade para o magistrado dar uma resposta contundente a Bolsonaro e ao país.
Esse jogo do presidente de dizer que os seus “inimigos” têm uma agenda ideológica a cumprir está ficando cada vez mais evidente.
A agenda ideológica, na verdade, é dele, que tenta impor suas ideias extremistas e colocar todos que discordam dele como inimigos pessoais.
É claro que não houve abuso de autoridade por parte de Alexandre de Moraes, mas o objetivo do presidente é desgastar a imagem do ministro até as eleições para tentar convencer seus seguidores de que há, sim, uma perseguição em curso.