A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, sobre uma investigação contra o deputado Luciano Zucco roubou a cena no primeiro dia da CPI do MST, grande aposta da oposição para desgastar o governo Lula.
Em uma CPI onde os governistas são minoria, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) fez uma jogada de mestre ao apenas informar ao colegiado que Zucco, presidente da Comissão, voltara a ser colocado no foco do inquérito dos atos antidemocráticos.
Foi o bastante.
O tenente-coronel cortou o microfone da colega parlamentar, gerando constrangimento com o fato de que, além de investigado como patrocinador de atos golpistas, não sabe o regimento da Câmara. É que Zucco não poderia cortar o microfone de Sâmia naquele momento.
A ação acabou gerando um interminável bate-boca e dominou o debate (saiba como foi aqui) quando Brasilia quase inteira olhava para os trabalhos da Comissão.
Ruim para a oposição, que mesmo tendo quase 20 das 27 cadeiras do colegiado, não conseguiu emplacar o discurso de “movimento de marginais e bandidos”, de “movimento de crime no campo” ou o da “ligação [dos sem terra] com as Farc”.
Ao menos no primeiro dia.
Nos corredores, já se falava até em destituir Zucco do cargo de presidente da CPI.
Se a estratégia bolsonarista é a de mostrar uma ligação promiscua do PT com o MST – gerando constrangimento para Lula quando o grupo voltou a realizar invasões desorganizadas -, seus parlamentares terão que fazer melhor do que isso.
A estratégia política não pode ruir apenas por conta de um despacho de Alexandre de Moraes. Mesmo que a decisão seja sobre o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito.