Chegou a hora da verdade para o ministro Kassio Nunes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sorteado para ser o relator do caso que analisará o pedido para abertura de um processo de impeachment contra seu colega, o ministro Alexandre de Moraes – uma iniciativa do senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO).
Kassio Nunes é o mais novo ministro do STF e internamente já provocou desconforto durante alguns posicionamentos, sempre alinhados com o governo Jair Bolsonaro.
Agora, no entanto, será o momento de mostrar de que lado está. Se votar a favor da abertura do processo de impedimento contra Moraes, vai satisfazer o governo, mas provocará uma imensa crise institucional no Supremo.
Se recusar a abertura do impeachment, se colocará contra o Planalto, ficando em uma saia justa com o próprio Bolsonaro, que o indicou para ocupar a vaga deixada por Celso de Mello.
Há ainda uma nuance: já existe jurisprudência no STF que classifica a abertura de impeachment como uma decisão política. Ou seja, ele será técnico ou fará o jogo político?
O ministro Alexandre de Moraes é tido como um desafeto de Bolsonaro há tempos. Um dos atritos entre eles foi a decisão do ministro da corte de impedir a nomeação de Alexandre Ramagem, pessoa de confiança do presidente, para assumir o cargo de diretor-geral da Polícia Federal, em abril do ano passado. Na época, Bolsonaro criticou a decisão, chamando-a de monocrática.
Moraes ainda é relator de dois inquéritos importantes para a cúpula do governo: o que apura notícias falsas e ataques contra ministros do STF, e o que investiga os atos antidemocráticos organizados por apoiadores bolsonaristas.