União Europeia aposta no Brasil para negociação com a Venezuela
Chanceler espanhol tem falado diariamente com ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para discutir crise política no país
Países da União Europeia têm apostado no Brasil como intermediador do conflito na Venezuela, após a contestada reeleição de Maduro. Assim como o governo Lula, os europeus pediram transparência no processo eleitoral, com a divulgação das atas, sem reconhecer a vitória de nenhum candidato.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, tem falado diariamente com o chanceler da Espanha, José Manuel Albares, que atua como principal interlocutor do bloco europeu na crise venezuelana. Na última quinta-feira, dia 1º, Vieira também conversou com o Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Segurança, Josep Borrell.
Segundo um diplomata ouvido pela coluna, os europeus “veem no Brasil o país que pode fazer a diferença em um quadro muito complicado”. A situação, no entanto, é bastante difícil na Venezuela. Desde as eleições, opositores ao regime chavista e manifestantes foram presos, centenas de pessoas ficaram feridas e mais de vinte morreram.
O Conselho Nacional Eleitoral anunciou na segunda-feira, 5, que entregou os boletins que comprovariam os votos para a Suprema Corte do país, que, diga-se de passagem, é ligada ao regime. A previsão é de que a apuração possa durar até quinze dias. É difícil de imaginar que haja lisura no processo.
O Brasil se aliou ao México e à Colômbia para fazer essa intermediação com Maduro e com o candidato da oposição Edmundo González. A ideia, segundo a coluna Radar, de VEJA, é que tenha uma videoconferência entre os presidentes dos países com ambos os candidatos até o fim desta semana.
Por enquanto, não há nenhuma certeza no governo sobre o impasse no país vizinho. Mas, segundo diplomatas, existe um esforço importante do presidente Lula para avançar nas negociações entre o regime e a oposição. Tarefa que tem se mostrado cada vez mais inviável.