O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, enfiou os pés pelas mãos ao tentar salvar a imagem do ministério, abalada pela fuga em Mossoró, anunciando a possível solução de um crime que chocou o país, o assassinato da vereadora Marielle Franco e do seu motorista, Anderson Gomes.
O ministro resolveu na noite desta terça-feira, 20, anunciar que Ronnie Lessa, acusado de ser autor dos disparos contra a parlamentar, fechou um acordo de delação premiada com o STF.
“Nós sabemos que esta colaboração premiada, que é um meio de obtenção de provas, traz elementos importantíssimos que nos levam a crer que em breve teremos a solução do assassinato da vereadora Marielle Franco”, afirmou.
Teoricamente, o chefe da Justiça e Segurança Pública não pode ter acesso a informações sobre investigações em andamento. Além disso, quem deveria fazer o anúncio do acordo seria o próprio Supremo Tribunal Federal, por mais que ele tenha atribuído a informação ao ministro Alexandre de Moraes.
Mas, na ânsia de trazer uma notícia positiva, que tem impacto nacional extremamente relevante, o ministro joga contra si novamente um erro. Compromete a lisura de uma investigação.
Mesmo que Lewandowski não tenha falado sobre o conteúdo em si, só pelo fato de anunciar algo que não lhe compete, repercutiu mal.
Vale lembrar que na última segunda-feira o presidente Lula fez cobranças a alguns ministros durante reunião ministerial. A estratégia de mostrar algum resultado, no entanto, pareceu mais uma forma atabalhoada de trazer um fato positivo para uma pasta tão delicada para o governo.