A controvertida vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais da Venezuela, proclamada nesta segunda-feira, 29, virou assunto entre os candidatos à prefeitura de São Paulo, a maior cidade do país, onde a disputa, vez ou outra, resvala para o embate ideológico.
O atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), chamou o governo venezuelano de antidemocrático e repudiou o resultado que, segundo ele, tem “fortes indícios de fraude” — posicionamento compartilhado por Tabata Amaral (PSB) e Pablo Marçal (PRTB).
O principal adversário do emedebista, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que ideologicamente é o único no campo da esquerda entre os principais concorrentes, seguiu o posicionamento cauteloso do governo federal. “Acompanhamos com preocupação a situação da Venezuela. Vamos esperar a posição da diplomacia brasileira, que está monitorando de perto a situação no país e aguardando a divulgação das atas das sessões eleitorais”, disse por meio de nota.
“Minha solidariedade aos venezuelanos que já se refugiaram no Brasil em fuga da ditadura de Maduro. A eleição com fortes indícios de fraude na Venezuela merece o repúdio de todos. Um democrata não pode reconhecer o resultado. Não sejamos cúmplices de ditadores de estimação. Onde não há democracia, não há justiça social”, disse Ricardo Nunes nas redes sociais. O prefeito tem o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, que é um crítico ao governo de Maduro.
Minha solidariedade aos venezuelanos que já se refugiaram no Brasil em fuga da ditadura de Maduro. A eleição com fortes indícios de fraude na Venezuela merece o repúdio de todos. Um democrata não pode reconhecer o resultado. Não sejamos cúmplices de ditadores de estimação.
Onde…
— Ricardo Nunes (@ricardo_nunessp) July 29, 2024
O posicionamento de Tabata foi mais enfático. A deputada disse que as eleições da Venezuela foram uma “fraude” e afirmou que o resultado, que levou à recondução de Maduro ao cargo, “não corresponde ao que o povo venezuelano manifestou nas urnas”.
O que está acontecendo na Venezuela tem nome: fraude eleitoral.
Intimidação a opositores, manobras para dificultar o voto, observadores internacionais impedidos de atuar e o governo declarando vitória sem divulgar os boletins. Há todos os motivos para crer que o resultado não…
— Tabata Amaral (@tabataamaralsp) July 29, 2024
“É trágico ver um país que já foi um dos mais ricos do mundo afundar seu povo na miséria sob esse regime totalitário”, disse Marçal. O coach aproveitou o episódio para tecer críticas aos o governos de esquerda. “Grande parte da esquerda brasileira sempre aplaudiu esses canalhas, apoiando uma ditadura que destrói vidas. Isso mostra o perigo real dessas ideologias e acende o alerta para todos nós.”
Na madrugada desta segunda-feira, 29, o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela proclamou a reeleição do atual presidente, Nicolás Maduro, com 51% dos votos. Os números são questionados pela comunidade internacional e também pelos venezuelanos, que saíram às ruas em protesto afirmando que o resultado foi fraudado. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva evitou reconhecer a vitória de Maduro, mas emitiu uma nota afirmando que a votação foi “pacífica” e falando que aguardará a divulgação dos dados da apuração em respeito à “soberania popular”.