PF mira esquema que envolvia traficantes do PCC e policiais civis de SP
Investigadores teriam recebido 800 mil reais para arquivar inquérito contra a facção, além de pagamentos mensais
A Polícia Federal de São Paulo realizou nesta terça-feira, 3, uma operação que cumpriu quatro mandados de prisão e dez de busca e apreensão contra traficantes internacionais e policiais civis que receberam propinas para arquivar investigações. A operação foi batizada de “Face off”, em referência a um filme americano dos anos 1990 em que um agente do FBI troca de rosto com um criminoso.
Os mandados foram cumpridos na capital paulista e em Arujá (região metropolitana). De acordo com a PF, dois narcotraficantes ligados ao Primeiro Comando da Capital, o PCC, teriam pago, em novembro de 2020, 800 mil reais a investigadores da Polícia Civil de São Paulo para que eles engavetassem um inquérito que corria no Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc). Depois desse pagamento, teria havido propinas mensais pagas aos investigadores durante o primeiro semestre de 2021, através de laranjas.
A quadrilha exportava cocaína para o exterior, tendo como principal destino a Europa. O PCC monopoliza no Brasil o tráfico desse entorpecente, adquirindo-o dos países da América Latina e assumindo toda a operação logística de fazê-lo chegar à Europa, que é o principal mercado consumidor. O tamanho da operação feita pela facção brasileira a coloca na mira de organizações de nível mundial de combate ao narcotráfico.
Além dos mandados, a operação também teve o bloqueio de bens e contas em nome dos investigados. A Justiça autorizou o bloqueio de até 15 milhões de reais em contas bancárias, até 8 milhões de reais em imóveis e até 2,1 milhões de reais em veículos. Os alvos da operação são investigados pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, tráfico de drogas e usura pecuniária.
A operação desta terça foi conduzida pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado em São Paulo (FICCO), que tem, além da PF, agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), da Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP), da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP-SP) e da Secretaria Nacional de Políticas Penais.