Um dos mais próximos assessores da ex-presidente Dilma Rousseff quando ela ocupava o Palácio do Planalto, Anderson Braga Dorneles entrou na fila dos que tentam no Supremo Tribunal Federal (STF) se beneficiar com a anulação de provas apresentadas pela Odebrecht a respeito de pagamentos de propina a autoridades e políticos.
Em pedido ao ministro Dias Toffoli nesta terça-feira, 5, a defesa de Dorneles afirma que o material dos sistemas Drousys e MyWebDay B, usados para gerir os pagamentos ilícitos da empreiteira, baseia um Procedimento Administrativo Disciplinar da Controladoria-Geral da União (CGU) aberto contra ele durante o governo Jair Bolsonaro.
O processo na CGU concluiu que Anderson Dorneles, cujo codinome nos “sistemas da propina” era “Las Vegas”, recebeu uma mesada da empreiteira de 35.000 reais a 50.000 reais enquanto foi assessor especial da Presidência, num total de pouco mais de 1 milhão de reais entre 2011 e 2014. O dinheiro seria destinado ao assessor para que ele levasse informações de interesse da Odebrecht à então presidente.
Como punição, em novembro de 2021, o então ministro da CGU Wagner Rosário converteu a exoneração de Dorneles em “destituição de cargo em comissão” – o que leva à inelegibilidade por oito anos, mesmo período em que o alvo da penalidade não pode ser nomeado para cargos no governo. A defesa pede que, declaradas nulas as provas da Odebrecht em relação ao ex-assessor de Dilma, o processo administrativo e a punição sejam anulados.
Chamado de “bebê” e “menino” por Dilma Rousseff, hoje presidente do Banco dos BRICS, e responsável por carregar pastas e telefones da petista, o gaúcho Dorneles tinha 13 anos quando conheceu a ex-presidente. Ele era office-boy e ela, presidente da Fundação de Economia e Estatística, do Rio Grande do Sul. Exonerado do governo Dilma em fevereiro de 2016, o ex-assessor tentou se eleger deputado federal gaúcho em 2022, pelo Avante, mas não foi eleito. Ele é o cacique do partido no Rio Grande do Sul.