A ausência do prefeito Dário Saadi (Republicanos) e trocas de acusações de má gestão dominaram o debate promovido por VEJA com candidatos à prefeitura de Campinas, maior cidade do interior de São Paulo. O evento ocorreu na manhã desta segunda-feira, 16, em parceria com a ESPM e apoio do instituto Paraná Pesquisas e do escritório Bonini Guedes Advocacia.
Participaram do debate o deputado estadual Rafa Zimbaldi (Cidadania), o deputado federal Pedro Tourinho (PT) e o empresário Wilson Matos (Novo). O prefeito Saadi também foi convidado, mas decidiu não comparecer. Mediada pela jornalista Marcela Rahal, a sessão teve dois blocos para perguntas dos candidatos entre si, dois para questionamentos feitos por jornalistas de VEJA e estudantes da ESPM e um para considerações finais.
Atualmente, Saadi lidera a corrida eleitoral em Campinas, seguido por Tourinho e Zimbaldi, tecnicamente empatados na segunda posição dentro da margem de erro.
“Boca de aluguel”
Boa parte do debate foi dominada por discussões acaloradas entre Matos e os dois rivais, a quem atacou sistematicamente ao longo do evento. O candidato do Novo repetiu diversas vezes que Zimbaldi é “fraco” e que Tourinho é subordinado ao ex-prefeito Jonas Donizette (PSB), atualmente deputado federal. Matos se referiu em várias ocasiões ao ex-mandatário como “líder do PT” na Câmara, embora o parlamentar tenha apenas assumido, por doze dias, a vice-liderança do governo federal na Câmara dos Deputados.
Em retaliação, Tourinho e Zimbaldi apostaram na associação de Matos ao candidato ausente Dário Saadi. Usando a pecha de “boca de aluguel”, os parlamentares se defenderam dos ataques afirmando que o adversário representa o prefeito como “assessor” — Tourinho ainda relembrou que o candidato do Novo, hoje defendendo a direita, disputou as últimas eleições representando a esquerda pelo PDT.
“Prefeito fujão”
As respostas às bravatas de Matos — que disse apoiar a colega partidária Marina Helena à prefeitura de São Paulo, mas elogiou a atuação do coach Pablo Marçal (PRTB) — vieram junto de críticas à ausência de Saadi. Os candidatos do PT e do Cidadania repudiaram repetidas vezes o candidato ausente como “prefeito fujão”, insinuando ainda que o mandatário não teria resultados para apresentar à população.
Pressionado sobre a falta de comentários sobre Saadi, Wilson Matos disse que não criticou o prefeito exatamente porque não estava presente e que “o problema são os dois” rivais que compareceram.
Segurança pública e população de rua
As principais propostas apresentadas pelos candidatos apareceram no âmbito da segurança pública em Campinas, que vive um quadro de aumento da taxa de homicídios dolosos e roubo de cargas.
Pedro Tourinho defendeu o foco da política municipal em inteligência, promovendo a integração das forças de segurança municipais, estaduais e federais e o investimento em vigilância para fortalecer a prevenção à criminalidade, além de revitalizar o centro da cidade com iluminação pública e instituições de ensino.
Questionado sobre a população de rua, o petista prometeu ampliar o efetivo da Guarda Civil Municipal (GCM) e investir em redes de tratamento a pessoas com transtornos psiquiátricos e dependência química. Zimbaldi, por sua vez, falou em integrar o acolhimento com comunidades terapêuticas e entidades religiosas, além de endurecer o trabalho de policiamento e prisão nas áreas ocupadas por moradores de rua.
Crise ambiental e mudanças climáticas
Outro ponto explorado pelos candidatos foram as propostas ambientais, uma vez que Campinas também vem sofrendo com a crise climática e a intensificação dos incêndios pelo Brasil, a exemplo das queimadas de amplas proporções que atingiram o Pico das Cabras, cartão-postal da cidade paulista, ao longo da última semana.
Para Zimbaldi, a prioridade é o reflorestamento das áreas urbanas — o deputado do Cidadania prometeu plantar 2,3 milhões de árvores ao longo de quatro anos de gestão, caso eleito. Tourinho acrescentou que é preciso integrar as estruturas de combate a incêndios e criticou a gestão de Saadi, pelo corte sistemático de cobertura vegetal e incentivo à especulação imobiliária de terrenos em zonas onde deveria existir proteção ambiental.
Matos, por sua vez, se esquivou de apresentar planos concretos na área ambiental e limitou-se a associar o parlamentar petista aos atrasos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — em especial da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva — na implementação de medidas concretas para proteção e restauração do meio ambiente.
Outros debates
O debate com os candidatos de Campinas foi o sexto e último da série VE JA E VOTE. Antes foram realizados encontros com os postulantes às prefeituras de São Paulo, Guarulhos, São Bernardo do Campo, Santos e Rio de Janeiro.