A notícia de que a Polícia Federal identificou diálogos entre supostos terroristas — que criticavam ministros do Supremo Tribunal Federal na deep web e faziam observações sobre a facilidade de rastreá-los — foi minimizada por ministros da Corte. Um deles, sob a condição de anonimato, afirmou que não é possível considerar o episódio como “ameaça”, apesar de não confirmar se teve ou não acesso aos diálogos monitorados pela PF. “Não foi a primeira ameaça, real ou falsa. Já houve várias detectadas na deep web ao longo dos meses, mas essa ganhou notoriedade porque vazou e foi publicada na imprensa. Temos que conviver com isso”, disse o assessor de um outro ministro ouvido por VEJA.
A deep web é uma parte da internet que não é indexada e não pode ser encontrada por mecanismos tradicionais de busca, como o Google, o que garante um certo anonimato aos divulgadores das mensagens e aos visitantes desses sites.
De acordo com um funcionário do tribunal, o clima ficou inalterado após a divulgação do alerta da PF – e chegou até a provocar piadas. “Até o Janot disse ter ido com uma arma ao STF”, disse, referindo-se ao ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que revelou ter ido armado a uma sessão no Supremo e pensado em matar o ministro Gilmar Mendes.
A suposta ameaça terrorista ao STF veio a público nessa segunda-feira, 17, em uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo. Após a repercussão, a PF se manifestou em nota. Afirmou que monitoramentos de rotina realizados nas últimas semanas revelaram trocas de mensagens com ofensas e ameaças a ministros do Supremo. “Tais ameaças eram genéricas e não traziam indícios de qualquer planejamento elaborado de possível atentado. Todavia, cumprindo seu papel institucional e de forma preventiva, a PF informou ao ministro Alexandre de Moraes, no âmbito do Inquérito n.º 4781, sobre a existência de tais mensagens”, afirma a nota. O inquérito citado investiga ameaças a ministros do Supremo.
Ainda de acordo com a PF, as investigações seguirão com o objetivo de identificar os responsáveis pelas mensagens. A postura da Corte deve ser a de não criar pânico a cada mensagem ou post agressivo nas redes sociais ou na internet, mas que também não se deve simplesmente ignorar as mensagens.