O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) seguiu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ) e o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), todos investigados na Justiça, e apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido para ter acesso a mensagens hackeadas de membros da Operação Lava Jato que o citem “direta ou indiretamente”.
Apreendido na Operação Spoofing, que mirou o grupo de hackers responsável pelas invasões nos celulares, o material inclui também dados do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e mensagens de dois procuradores que integraram sua gestão na Procuradoria-Geral da República, Eduardo Pellela e Sérgio Bruno – conteúdo ao qual Aécio também quer acesso, para enfraquecer ou até mesmo derrubar o “caso Joesley Batista”.
O pedido de compartilhamento das mensagens foi apresentado ao ministro Ricardo Lewandowski dentro de uma ação movida por Lula, na qual Lewandowski garantiu ao petista acesso às provas. Agora, para justificar o requerimento, os advogados de Aécio Neve mostram algumas mensagens em que membros da Lava Jato de Curitiba citam o nome do deputado mineiro, a maioria tratando de delatores que citam o tucano em seus depoimentos.
O principal objetivo da defesa, no entanto, parece ser a obtenção dos dados de Janot, Pellela e Bruno roubados pelos hackers. Foi na gestão do ex-procurador-geral da República, em 2017, que executivos da JBS fecharam um acordo de delação que carbonizou o deputado. Então senador, Aécio foi flagrado em gravações com o empresário Joesley Batista pedindo propina e, em seguida, ações filmadas e fotografadas pelos investigadores em que seu primo, Frederico Pacheco, coleta o dinheiro de um executivo do frigorífico.
Alvo da Operação Patmos, desdobramento da delação da JBS, e réu em uma ação penal na Justiça Federal de São Paulo pelo caso do recebimento de 2 milhões de reais em propina de Joesley, Aécio quer buscar no conteúdo relacionado a Rodrigo Janot e seus ex-assessores provas de que foi alvo de um “espúrio e ilegal flagrante preparado” pelos delatores a mando da PGR. A defesa quer inutilizar as provas da obtidas na ação dos delatores.
“O acesso aos arquivos captados dos telefones de Rodrigo Janot, Sergio Bruno, Eduardo Pellela e eventuais outros membros do MPF podem comprovar que Aécio foi alvo de um flagrante preparado, sendo absolutamente imprestável a principal prova utilizada contra si”, sustentam os advogados Alberto Toron e Luiza Oliver.