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O silêncio dos candidatos sobre o desastre na Educação

O desastre pandêmico no ensino terá efeitos prolongados para a geração de estudantes que em breve vai entrar no mercado de trabalho

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 22 Maio 2022, 08h00
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  • Vai levar tempo até se conseguir apurar a dimensão do desastre pandêmico na Educação.

    Já se sabe que o impacto da pandemia foi muito significativo no ensino básico.

    Duplicou a evasão escolar. Em 2020, primeiro ano da crise sanitária, 2,3% dos alunos matriculados no ensino médio abandonaram as salas de aula antes de terminar o ano letivo. Ano passado taxa subiu para 5%.

    A fuga escolar foi mais intensa na região Norte, onde se registrou o dobro (10%) da média nacional.

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    As escolas públicas ficaram fechadas por 287,4 dias em média (cerca de nove meses e meio) e as escolas particulares por 247,7 dias (8 meses).

    O período mais longo de fechamento ocorreu na Bahia (366,4 dias). Na sequência, Roraima (349,4 dias), Rio Grande do Norte (336,5 dias), Acre (332,7 dias) e Amapá (332,4 dias).

    Essa contagem é do MEC, onde Jair Bolsonaro nomeou quatro ministros em 40 meses.

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    Os dois primeiros passaram o tempo preocupados com o espectro do “comunismo”, virtualmente sepultado há três décadas.

    O terceiro tentou converter o ministério em templo, com a ajuda de pastores evangélicos metidos em obscuras transações.

    O atual obteve, um socorro de US$ 250 milhões (R$ 1,2 bilhão) do Banco Mundial, a custo zero, para financiar um projeto emergencial nas regiões mais prejudicadas, Norte e Nordeste.

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    É paradoxal, porque o governo Bolsonaro realizou a proeza de reduzir os gastos federais durante dois anos de pandemia.

    Em 2019, os gastos do governo na Educação somaram R$ 122,7 bilhões (já descontada a inflação).

    No primeiro ano da pandemia caíram para R$ 114,9 bilhões.

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    No ano passado os cortes continuaram. As despesas ficaram limitadas a R$ 114,7 bilhões — constatou o Instituto de Estudos Socioeconômicos numa análise do Orçamento Geral da União (2021).

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    (./VEJA)

    Não faltaram advertências, principalmente das comissões especializadas do Congresso, sobre o agravamento dos prejuízos para os estudantes da rede pública — pobres, na maioria.

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    Sobram indícios do desastre. Estão visíveis na mais recente avaliação feita pelo Ministério da Educação sobre a capacidade de 3,2 milhões de alunos do ensino médio, nas redes pública e privada, de dominar fundamentos de Português e de Matemática.

    Só metade acertou o teste com questões elementares de língua portuguesa, entre elas a de interpretação que requer a percepção ou entendimento do sentido do que está descrito num texto.

    Apenas 27 em cada 100 estudantes foram capazes de acertar as respostas para problemas elementares de cálculo matemático.

    O desastre pandêmico na Educação terá efeitos prolongados para a geração de estudantes que em breve vai entrar no mercado de trabalho.

    É uma crise silenciosa. Sua dimensão só é comparável ao silêncio que lhe dedicam os  candidatos à presidência.

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