A seca está pior que na virada do milênio. É das mais graves em meio século.
O sistema de produção de energia opera com mais eficiência do que possuía no “apagão” de 2001, mas é real o risco de uma crise energética.
Isso porque, como se admite no governo, tudo depende de fina sintonia entre os órgãos estatais responsáveis.
Se o padrão de eficácia das ações do governo Bolsonaro tiverem um mínimo de semelhança com a realidade observada na gestão da pandemia, o resultado é previsível: haverá racionamento de eletricidade, provavelmente no período entre novembro e março de 2022.
O outro lado dessa crise é a multiplicação de lucros em algumas áreas.
Indústrias paulistas já fazem planos para paralisar seções inteiras nas fábricas, porque antevêem oportunidade de lucrar mais na revenda de energia do que na linha de produção.
Donos de usinas também fazem as contas. Energia térmica é até quatro vezes mais cara que o preço médio da matriz energética nacional, onde predominam fontes renováveis (82%). A conta de luz vai subir, e muito.
Parte das usinas é classificável como lixo tecnológico, com prazo de validade vencido há mais de uma década, opera com equipamentos degradados e, frequentemente, em condições logísticas primárias de suprimento de combustível, por inexistência de rede de dutos.
Como não há controle, muito menos fiscalização, sobrevivem de uma crise a outra. É um caso em que usina ferro-velho vai virar mina de ouro.