Seguidores de Jair Bolsonaro encontraram um aliado no Congresso dos Estados Unidos, o deputado Christopher Smith, republicano de Nova Jersey.
Dele ganharam uma audiência pública nesta terça-feira (7/5), no subcomitê da Câmara que trata de direitos humanos, para discutir um tema: “Brasil: Uma Crise de Democracia, Liberdade e Estado de Direito?”
O debate teve pouca receptividade entre parlamentares americanos — meia dúzia marcou presença, mas só dois ficaram no plenário. Mas foi interessante porque expôs semelhanças na forma de ação de facções da extrema-direita nos EUA e no Brasil.
O deputado Smith acha necessário apresentar um projeto de lei para sanções econômicas ao Brasil na hipótese de delitos estatais contra liberdade de expressão.
Maria Elvira Salazar, deputada eleita pela Flórida, resumiu a motivação da bancada republicana, que é minoritária no subcomitê: o Brasil é governado por Lula, um “socialista” que foi “condenado por corrupção, e tem Alexandre de Moraes, um “operador totalitário”, no Supremo Tribunal Federal.
Descontadas adjetivações e ambiguidades naturais nesse tipo de embate político em ambiente parlamentar, sobrou uma proposta objetiva e instigadora: a Câmara dos EUA avançar na investigação dos enlaces entre protagonistas da invasão do Capitólio, no 6 de janeiro de 2021, em Washington, e depredação das sedes do Congresso, do Judiciário e do governo, em 8 de janeiro de 2023, em Brasília.
“Acredito que precisamos de mais investigações dos dois eventos e do papel que os EUA podem ter desempenhado”, comentou a deputada Susan Wild, democrata eleita pela Pensilvania, acrescentando: “Incluindo [a atuação] de elementos da extrema-direita [americana] que, no mínimo, expressaram apoio a essa tentativa de golpe [no Brasil].”
Caso a investigação legislativa de Wild avance, a história da conspiração bolsonarista que levou aos acontecimentos do 8 de janeiro poderá ser recontada, com algumas contribuições dos arquivos das agências de espionagem dos EUA.