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Centrão e Bolsonaro negociam intervenção na economia para a eleição

Arthur Lira e Ciro Nogueira ofereceram, e Bolsonaro aparentemente aceitou, a candidatura pelo PP e uma agenda econômica alternativa para a reeleição

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 5 out 2021, 08h00
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  • O deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, vendeu e Jair Bolsonaro aparentemente comprou a ideia de uma intervenção na política econômica.

    As conversas começaram há cerca de três semanas, com a participação de Ciro Nogueira, chefe da Casa Civil e presidente licenciado do PP. Ganharam impulso na terça-feira passada em Maceió, na segunda viagem presidencial a Alagoas nos últimos quatro meses.

    Lira e Nogueira ofereceram a Bolsonaro algo que ele deseja e precisa para se candidatar em 2022 — o partido, autonomia na escolha do candidato do Rio ao Senado e uma fatia do fundo eleitoral de R$ 140 milhões.

    A oferta incluiu a liderança de Lira na condução de uma agenda econômica alternativa com foco na reeleição, com abordagem legislativa de tópicos com potencial repercussão no eleitorado. Entre os temas listados estão o reequilíbrio dos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha, e, também, o início do programa de renda básica (Auxílio Brasil), além de ajustes marginais no Orçamento para obras no ano eleitoral.

    Na prática, o presidente de uma das casas do Legislativo assumiria a negociação de soluções para problemas de competência privativa do Executivo, e que dizem respeito à condução da política econômica.

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    Não há indício de insatisfação do ministro da Economia, Paulo Guedes, atazanado nos últimos dias com revelações sobre sua riqueza no exterior acumulada antes de assumir o ministério. No entanto, a disposição de Lira ao protagonismo numa agenda econômica moldada para a campanha Bolsonaro tende a deixar sequelas dentro e fora do plenário da Câmara.

    O maior adversário de Lira nessa empreitada talvez seja a própria ambição.

    Ele propõe resolver nos 80 dias que restam de 2021 problemas pendentes na agenda governamental há pelo menos 48 anos, para os quais Bolsonaro só acordou agora. É o caso dos preços dos combustíveis.

    Desde a primeira crise do petróleo, em 1973, quando o custo triplicou no espaço de 90 dias, se reconhece a necessidade de criação de meios para mitigar os efeitos da alta nos preços externos na inflação doméstica, e no bolso dos consumidores.

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    A questão é como financiar, quanto e por quanto subsidiar a diferença entre o preço de mercado e a capacidade de pagamento dos consumidores de um país que há décadas fundamenta sua economia no câmbio e nos salários desvalorizados em relação ao dólar.

    A saída fácil é a do subsídio emergencial, se possível bancado pelo caixa da Petrobras, onde se fazem e desfazem governos. O problema desse receituário é aquele explicado pelo general Ernesto Geisel, presidente da estatal na crise do petróleo de 1973: “Se for assim, a Petrobras vai ficar sem caixa.”

    Arthur Lira, Ciro Nogueira e Jair Bolsonaro, aparentemente, já sabem disso. Sem saída fácil para o inferno da vida real dos eleitores, culpam o imposto estadual (ICMS) pela carestia da gasolina e do diesel, do botijão de gás a R$ 130 nas cidades mais atingidas pelo “Bolsocaro”, como os insatisfeitos apelidaram a alta inflação.  A política econômica alternativa do Centrão tem nome: eleição.

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