Todas as vezes que entrou numa piscina em olimpíadas, desde Londres-2012, a nadadora americana Katie Ledecky subiu ao pódio, com cinco medalhas de ouro e uma de prata. Até que na quarta-feira em Tóquio, noite de terça no Brasil, 27, ela ficou com um amargo e improvável quinto lugar nos 200 metros livres. Não se esperava que a campeã vencesse a prova, não contra a fenomenal australiana Ariarne Titmus. Mas um quinto lugar?
Triste, cabisbaixa, Ledecky saiu da piscina e olhou para o placar. Não haveria cerimônia de entrega de medalhas, uma raríssima cerimônia sem Ledecky, antes que ela própria mergulhasse para sua próxima prova, os 1.500 metros nado livre. Desde que a programação foi divulgada, há dois anos, a atleta havia circulado a data com carinho. Tentaria uma dobradinha de ouro vencendo duas provas totalmente diferentes: uma curta, a dos 200 metros, e outro de fundo, a dos 1.500 metros.
Mas ela falhara, uma medalha lhe escapara. Ledecky voltou para a piscina de aquecimento ao lado do treinador Greg Meehan. Resmungava. Ela havia planejado usar a adrenalina de um bom resultado nos 200 metros para os 1.500 metros. Não deu certo, lamentavelmente. E então, menos de uma hora depois do fracasso, o mundo voltou a girar como sempre girara até então, um mundo “ledeckycêntrico”. Depois de 30 piscinas, 15 minutos e 37 segundos, a moça nascida em Washington voltou a fazer história: foi a primeira campeã olímpica de uma prova até então disputada apenas por homens.