Na edição do programa Fantástico de ontem, 30 de setembro, um fato revelador: em meio a tantos sofrimentos e dificuldades, a educação surge como a grande esperança de dias melhores. De todos os temas, foi o que, de longe, mais representou o Brasil que as pessoas querem: 15,5% dos milhares de vídeos enviados à campanha “O Brasil que eu quero” tratavam de educação, tema que ficou à frente de corrupção. Dos vídeos enviados por crianças e adolescentes, 25% disseram ter como prioridade estudar em uma escola boa.
Por que as pessoas acreditam tanto na educação? E por que os governos têm sido tão incapazes de oferecer tão pouco?
As pessoas acreditam na educação e a associam a uma vida melhor. Acreditam que uma boa escola pode ajudá-las a “vencer na vida”.
Os dados da economia confirmam essas expectativas: as pessoas que estudam mais ganham mais do que as pessoas que estudam menos. As que concluem etapas (como o ensino médio, por exemplo) ganham mais do que as que ficam pelo caminho. Em tempos de crise, as pessoas com mais educação são as últimas a perderem emprego e as primeiras a conquistar um novo. Ou seja: as pessoas têm uma percepção bastante realista da importância da escola.
Mas dado o nível de carência, as pessoas tendem a pedir muito pouco: transporte escolar, uma sala minimamente arejada, que haja professores, que o professor dê aulas. Ainda é pouca a pressão pela qualidade.
Isso ajuda a responder a segunda pergunta – a respeito da incapacidade dos governos de oferecer educação de qualidade: a pressão é por mais escolas, vagas, transporte, merenda, professores, inglês, informática, tempo integral. Os que poderiam pressionar colocam filhos nas escolas privadas – e não exercem pressão.
Por essa ponta – da pressão popular -, será difícil melhorar a educação. Restaria a outra ponta – economistas, elites e governantes que entendessem a função estratégica da educação para a formação do capital humano. Quando isso for entendido, os brasileiros poderão ter uma chance. Até lá, resta sonhar. Pelo Brasil que queremos.