O caso Marielle Franco coloca um dilema para a elite política brasileira, o que inclui o STF: ou faz vista grossa para o possível envolvimento de Jair Bolsonaro com um assassinato, em nome da diminuição da turbulência política, ou forma um consenso para sua retirada do poder — mesmo sabendo que será o segundo mandatário máximo seguido, em um espaço de apenas quatro anos —, o que é péssimo para o país.
Bolsonaro não é um presidente qualquer: vem colocando em risco as exportações do agronegócio por causa de sua política ambiental, brigou com seu próprio partido político, se recusou a seguir o devido decoro presidencial ao não cumprimentar Alberto Fernández pela vitória na Argentina, associou em vídeo o STF a uma hiena, ataca a Rede Globo e se alia ao SBT e Rede Record.
Bolsonaro não é um presidente tradicional, ele briga com todo mundo. O assassinato de Marielle não foi um assassinato qualquer, principalmente por causa da imensa repercussão que teve e tem até hoje. De agora em diante o Brasil terá um presidente que circulará pelo mundo, se reunirá com líderes internacionais, com suspeitas de ter acobertado assassinos de uma vereadora negra do Rio de Janeiro. A questão que caberá a nossa elite política é se vale a pena tolerar tudo isso. No momento não há uma resposta a esta indagação, dependerá do desenrolar dos acontecimentos.