Apenas doze horas depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) impedir sua prisão – pelo menos até a conclusão do julgamento do habeas corpus preventivo, marcado para o dia 4 -, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a desafiar a força-tarefa da Operação Lava Jato, a quem atribuiu “mentiras”, voltou a negar com veemência que seja o dono do apartamento tríplex do Guarujá (SP), pivô de sua condenação a doze anos e um mês de prisão, e clamou: “Quero que a Suprema Corte analise o mérito do processo.”
Em entrevista nesta sexta-feira à rádio Super Condá, de Chapecó (SC), Lula foi enfático. “Tenho evitado falar desse processo porque prefiro que os advogados falem. Estou sendo vítima de uma mentira, acho que a História vai poder contar ao povo brasileiro. A Polícia Federal mentiu no inquérito e mandou para o Ministério Público. O Ministério Público pegou o inquérito mentiroso e transformou numa acusação mentirosa e foi pro Sergio Moro, que deu uma sentença mentirosa. E vem para o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), que deu outra sentença mentirosa”, disse.
A sorte de Lula será decidida pelo Supremo depois da Páscoa, quando os ministros irão votar o pedido do líder petista de permanecer em liberdade até que se esgotem todos os recursos contra a condenação que sofreu no caso tríplex.
A decisão desta quinta-feira, do STF, blinda por enquanto Lula da prisão, que a própria defesa apontou como ‘iminente’. Na próxima segunda-feira, 26, o TRF4 vai julgar recurso decisivo de Lula, os chamados embargos de declaração.
O TRF4, quando esgotados os recursos de sua atribuição, tem determinado a imediata execução da pena – desde fevereiro de 2016, quando o Supremo autorizou a prisão em segundo grau judicial, Moro e sua substituta, a juíza Gabriela Hardt, já mandaram executar 114 execuções de pena, não só da Lava Jato, mas também de outras grandes operações contra colarinho branco e tráfico internacional de drogas.
“Eles sabem que eu não sou dono do apartamento, sabem que não tem nem indício de que eu seja o dono e eles teimam em dizer que o apartamento é meu”, disse Lula à rádio. “No depoimento para o Moro eu disse que ele estava compromissado a me condenar com a mentira contada pelo Powerpoint do Dallagnol (o procurador da República Deltan Dallagnol, que usou o software para apresentar as acusações que a força-tarefa tinha contra o ex-presidente).”
“O que eu quero na verdade é que eles tenham coragem de dizer: o Lula tem uma telha no apartamento, o Lula tem um taco no apartamento, o Lula tem o vaso sanitário, pagou 50 centavos pelo apartamento, tem escritura do apartamento, algum cartório em Santos, no Guarujá, em Cubatão, alguma coisa eles têm que mostrar para a sociedade brasileira. Eles inventaram e não sabem sair dessa mentira. Espero que a Suprema Corte faça a correção necessária”, disse.
“Eu estou pedindo a Deus que a Suprema Corte analise o mérito do processo, analise as provas, as acusações, a defesa, porque, se eles tiverem meio crime contra mim, eu estou fora da política.”
O ex-presidente falou também sobre política. “Se eu for candidato, a chance de eu ganhar as eleições é muito grande. E se continuarem fazendo as besteiras, me perseguindo, eles sabem que posso ganhar no primeiro turno. Não tentem evitar que eu seja presidente com mentiras”, finalizou.