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O aumento da liderança feminina no mercado das startups

Apesar da discriminação sofrida por um mercado que dá preferência aos homens, empreendedoras brasileiras florescem no meio

Por Sabrina Brito Atualizado em 25 ago 2020, 11h29 - Publicado em 5 fev 2020, 11h04
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  • Ao longo dos últimos anos, o mercado das startups tem encontrado terreno fértil no Brasil: se, em 2012, havia 2 519 empresas do tipo no país, em 2017 o número saltou para 5 147. No entanto, basta olhar para os chefes dessas startups para constatar a falta de mulheres no ramo: apenas 15,7% das startups brasileiras foram fundadas ou cofundadas por mulheres. No entanto, o cenário parece estar prestes a mudar.

    É o que reflete, por exemplo, o sucesso da RadarFit, startup criada por três belo-horizontinas de 25, 27 e 28 anos e que recebeu, em janeiro, um investimento milionário de um fundo. A empresa criou um aplicativo de saúde que combate o que, segundo as brasileiras, é o maior problema enfrentado por quem almeja um corpo mais saudável: o tempo entre o exercício praticado e a observação de algum resultado.

    Assim, o app gratifica o usuário imediatamente após o cumprimento de algumas missões, que vão desde meditação e atividades físicas (como uma caminhada) até sugestões de refeições saudáveis. Depois de cumpridos os desafios, o aplicativo recompensa o indivíduo com medalhas e moedas que, quando acumuladas, podem ser trocadas por prêmios, como eletrônicos e passagens aéreas.

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    Encabeçada por três mulheres, a empresa teria enfrentado grandes dificuldades para obter sucesso há alguns anos. Mas a maré parece estar mudando — pelo menos no que diz respeito ao mercado de startups. De acordo com um levantamento publicado em outubro do ano passado pela organização norte-americana Kauffman Fellows Research Center, as empresas com equipes diversas e liderança de equipe femininas recebem, em média, 21% mais investimentos de companhias de capital de risco do que aquelas que possuem apenas chefes homens.

    Mas o otimismo que os dados inspiram não significa que a situação já é harmoniosa. Ainda há muito o que se fazer para equalizar as oportunidades dadas a ambos os sexos no meio das startups.

    “Empreender como mulher é sempre um pouco mais árduo. Temos que mostrar maior credibilidade, porque parceiros e clientes tendem a confiar menos na gente. É raro encontrar alguém que não tenha problemas com ter uma mulher na liderança de uma empresa”, disse a VEJA Jade Utsch, cofundadora da RadarFit e estudante de engenharia na FGV. “Ainda precisamos nos provar dez vezes mais do que um homem que estivesse na nossa posição.”

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    Como saída para a competitividade e injustiças praticadas no mercado, Jade aponta a ajuda prestada entre grupos de mulheres. “Temos desenvolvido muita parceria e companheirismo na área, na qual ainda falta solidariedade profissional”, afirmou.

    E sua opinião é fundamentada: de acordo com outro estudo do Kauffman Fellows Research Center, startups com pelo menos uma fundadora do sexo feminino tendem a contratar 2,5 vezes mais mulheres do que as outras empresas. Assim, constroem-se companhias equilibradas, com pessoas de ambos os sexos nos conselhos e em cargos de chefia.

    Mas se engana quem acha que apenas um dos sexos tem algo a ganhar com uma maior diversidade no mercado. Uma pesquisa feita em 2017 pela empresa de consultoria norte-americana McKinsey & Co indicou que empresas com maior pluralidade de gêneros entre suas equipes executivas apresentavam chances 21% maiores de serem mais lucrativas.

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    Desse modo, fica claro que o meio de startup tem passado por mudanças que lhe permitiram tornar-se mais inclusivo, embora ainda esteja longe da igualdade. Quanto mais diversas forem essas empresas, melhor — para seus sócios e também para a sociedade, que estará melhor representada. Até então, a dualidade presente no meio, que simultaneamente exclui e recompensa mulheres, seguirá prejudicando a eficiência das empresas.

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