Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Há algo de podre no Facebook

Em uma trama que envolve poder, tecnologia e uso indevido de dados privados, uma empresa de marketing eleitoral escancara novos riscos à democracia

Por Duda Teixeira Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Filipe Vilicic Atualizado em 23 mar 2018, 21h10 - Publicado em 22 mar 2018, 21h50
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Mark Zuckerberg está preocupado com as eleições no Brasil. E uma das razões para essa inquietude é que o fundador, CEO e maior acionista do Facebook está perdendo dinheiro, muito dinheiro. “Haverá uma grande eleição no Brasil, além de outras votações ao redor do mundo, e você pode apostar que estamos realmente empenhados em fazer tudo o que for necessário para garantir a integridade dessas eleições no Facebook”, disse Zuckerberg em entrevista ao canal CNN na quarta-feira 21. Que mundo é esse em que um empresário americano se vê obrigado a vir a público para prometer a lisura do rito democrático em outros países e ainda se sai com uma expressão (“eleições no Facebook”) constatando que a disputa eleitoral se dará no âmbito do negócio que ele criou? Pois esse é um mundo em que empresas de marketing político sabem mais sobre os gostos, os medos, os preconceitos, as opiniões, as vulnerabilidades, as inclinações e os hábitos dos eleitores do que os próprios eleitores. É um mundo em que o simples ato de curtir a postagem de um amigo pode dar munição a estrategistas empenhados em incentivar a polarização e a intolerância para fins eleitorais. É um mundo em que plataformas on-line criadas para unir as pessoas tornam-­se ferramentas que, em última análise, ameaçam a democracia.

    Eis como começou a preocupação de Zuckerberg. No fim de semana dos dias 17 e 18 de março, o jornal americano The New York Times e os ingleses The Guardian e Observer revelaram que os dados pessoais e detalhes sobre atividades on-line de 50 milhões de perfis do Facebook foram coletados e utilizados para fins eleitorais, sem que os usuários tivessem dado autorização para tal. As informações foram obtidas entre junho e agosto de 2014 por meio de um aplicativo desenvolvido por Aleksandr Kogan, um psicólogo da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e inspirado nas pesquisas de outro estudioso da mesma instituição, Michal Kosinski . O Facebook consentiu que o aplicativo fizesse a coleta de dados em sua plataforma para fins acadêmicos. Kogan, porém, não se limitou aos estudos: vendeu os dados à Cambridge Analytica, uma empresa que tinha em seus quadros Steve Bannon, o ex-estrategista amalucado da campanha presidencial de Donald Trump e que recebera um investimento de 15 milhões de dólares de Robert Mercer, um bilionário conhecido por financiar o movimento conservador da direita alternativa (alt-right, em inglês) nos EUA.

    As informações colhidas no Facebook foram cruzadas com registros de eleitores e usadas para produzir peças de propaganda on-line pela equipe do senador Ted Cruz, pré-candidato nas primárias republicanas para a Presidência, em 2015, e, no ano seguinte, pela campanha vitoriosa de Trump. A julgar pelo tipo de conteúdo que circulou massivamente nas redes sociais no ano eleitoral, acredita-se que os dados pessoais vendidos por Kogan à Cambridge Analytica serviram para divulgar abertamente informações tendenciosas e notícias a milhões de cadastrados no Facebook. Serviram, portanto, para soterrar a rede com lixo político.

    (Com reportagem de André Lopes)

    Continua após a publicidade

    Assine agora o site para ler na íntegra esta reportagem e tenha acesso a todas as edições de VEJA:

    VEJA_2575

    Ou adquira a edição desta semana para iOS e Android.
    Aproveite: todas as edições de VEJA Digital por 1 mês grátis no Go Read.

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    1 Mês por 4,00

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.