Não existe método infalível para evitar um ataque de hacker em seu celular. Mas algumas métodos bem simples ajudam a impedir uma invasão ou um golpe que pode causar muita dor de cabeça e até prejuízo financeiro. Marcelo Chiavassa, professor de Direito Digital da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas, deu algumas dicas do que fazer para ficar mais seguro nas redes.
Chiavassa diz que pessoas comuns têm menos chances de serem hackeadas. “Pessoas públicas, mais expostas, têm de se preocupar mais com a segurança, pois são alvos de hackers profissionais.” Neste semana, o ministro Sergio Moro e o procurador Dalton Dallagnol tiveram mensagens privadas do Telegram divulgados pelo site Intercept.
“Cada aplicativo de trocas de mensagens tem suas peculiaridades. No Brasil e no mundo, o mais comum são as clonagens dessas contas, não uma invasão. Os hackers se aproveitam de uma desatenção do usuário para roubarem essa conta”, explicou o professor.
Nunca dê sua senha nem códigos para ninguém
“Ao trocar o aparelho celular, o WhatsApp, por exemplo, envia uma mensagem com o código para o aparelho em que o chip correspondente à conta está vinculado. Os hackers descobrem o número do celular e tentam instalar o aplicativo de troca de mensagens no próprio celular. Nesse momento, o aplicativo envia uma mensagem com o novo código para o celular do usuário. Na sequência, os invasores entram em contato com o usuário e dizem ter enviado a senha para verificar que o dono da conta é ele mesmo. Em seguida, pedem essa senha informando que “querem verificar se ela coincide com o registro”. Ao passar a senha, o usuário tem a conta invadida”, diz Chiavassa. “É como passar sua senha do banco para outra pessoa. Você se torna vítima de um golpe.”
Use o sistema de dupla verificação nos aplicativos
“O WhatsApp (e outros aplicativos) possui um sistema de dupla verificação. Com ele, não basta ter acesso à senha. Para entrar na conta, é necessário digitar outro código, enviado por SMS ou via aplicativo autenticador registrado. Dessa forma, para um invasor acessar a conta, eles vão pedir também esse outro código, deixando mais claro a tentativa de golpe”, disse Chiavassa.
WhatsApp x Telegram
O Telegram possui o chat privado e um sistema de autodestruição de mensagens. O chat é um sistema totalmente criptografado, que dificulta o acesso de terceiros, enquanto a autodestruição apaga quaisquer mensagens selecionadas para sempre. “É um sistema que também era usado pelo Snapchat (aplicativo de fotos, que apaga as imagens após tempo determinado). Mas é difícil, do ponto de vista técnico, falar que mensagens são autodestruídas. O próprio Snapchat foi hackeado e fotos que deveriam ter sido apagadas foram recuperadas”, contou Chiavassa.
O WhatsApp tem a vantagem de só funcionar próximo ao celular em que está instalado. Caso um usuário deseje acessar sua conta por um computador, que tem mais possibilidades de ser invadido, a conta só poderá ser usada caso o celular esteja próximo do local.
Aplicativos de bancos são mais seguros
“Em tese os aplicativos de bancos são os mais seguros. Hoje há até os cartões digitais, apenas pelo celular, que são mais seguros que o cartão físico. Nada impede que os dados sejam hackeados. A quantidade de vírus para sistemas operacionais de celulares, especialmente o iOS (de iPhones), é bem reduzida, comparada à de computador. Mas cada vez mais há novos vírus para celulares”, disse o professor, que defende o meio digital como mais seguro para transferências bancárias. “Uso o cartão digital. Para aprovar uma compra minha, ele pede senha ou o reconhecimento facial.”
O futuro
As senhas alfanuméricas estão com os dias contados, com a criação de novos computadores quânticos. “São tão mais rápidos que os computadores atuais, que vão conseguir quebrar todas as senhas em questão de minutos. Não é impossível quebrar um padrão de senha hoje, mas quanto mais complexa ela for, mais tempo se leva para quebrá-la. Pode demorar anos. Mas no futuro, com essa supervelocidade de processamento, nenhuma senha será segura. Mas ainda estamos um pouco distantes disso”, definiu o professor.