Você é bilíngue? Se sim, fique feliz. Além da habilidade ser um fator importante para a comunicação, a educação e a carreira, a ciência acaba de revelar que ela também traz benefícios para a saúde, de acordo com informações do jornal britânico Daily Mail. estudo publicado recentemente no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences mostrou que pessoas que falam duas línguas apresentam melhor conectividade em áreas-chave do cérebro e retardam o início do Alzheimer em até cinco anos.
“Nossas descobertas sugerem que os efeitos de falar dois idiomas são mais poderosos do que idade e educação em fornecer proteção contra o declínio cognitivo. Esses efeitos protetivos podem ser uma consequência direta de como o cérebro humano se adaptou ao ‘esforço extra’ fornecido por falar duas ou mais línguas.”, disse Daniela Perani, principal autora do estudo, Daily Mail.
Para chegar a essa conclusão, Daniela Perani e sua equipe da Universidade Vita-Salute San Raffaele, na Itália, compararam 45 pessoas que falavam alemão e italiano fluentemente com 40 pessoas que falavam apenas um desses idiomas. Os participantes de ambos os grupos tinham suspeita de Alzheimer e todos moravam na região norte da Itália.
Conexões protetoras
Os resultados mostraram que os integrantes do grupo bilíngue que apresentaram sintomas de Alzheimer eram, em média, cinco anos mais velhos do que os participantes do grupo monolíngue. Além disso, imagens cerebrais mostraram que essas pessoas também tinham maior conectividade em áreas do cérebro associadas ao controle executivo na parte esquerda do cérebro. Essa região inclui o córtex cingulado anterior, que lida com o controle de impulsos, e o córtex pré-frontal esquerdo, que está envolvido no planejamento do comportamento complexo.
Esse efeito foi maior em pessoas bilíngues desde a infância. De acordo com os autores, isso acontece porque uma vida inteira trocando de idioma sem que um interfira no outro aumenta a densidade de matéria branca no cérebro. Isso significa que existem mais conexões entre as partes do cérebro, tornando essa parte mais resistente à degeneração. Os participantes que usaram ambas com maior frequência ao longo de suas vidas também mostraram sinais menos severos dos sintomas da doença.
“Retardar o início da demência é a prioridade principal das sociedades modernas, e a presente evidência neurobiológica in vivo deve estimular programas sociais e intervenções para apoiar a educação bilíngue ou multilíngue e a manutenção de uma segunda língua entre idosos.”, complementou Daniela.
Sociedades multiculturais
Para Clare Walton, pesquisadora da Alzheimer Society, disse ao Daily Mail “esse estudo fornece novas evidências de que pessoas fluentes em mais de um idioma têm algum tipo de proteção contra demência”. “Em termos de estilo de vida e risco de demência, este tipo de estudo fornece uma peça vital do quebra-cabeça ao dizer-nos que o bilinguismo está ligado não só à redução do risco de demência, mas também o porquê disso. Conforme as sociedades vão ficando mais multiculturais, esse estuda indica que os benefícios do bilinguismo poderiam ser estendidos para ajudar as futuras gerações a diminuírem o risco da condição.”, afirmou.