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Variantes de genes podem ajudar a proteger o corpo contra a obesidade

Pesquisa publicada na Science indica que pessoas com mutações genéticas raras podem ter 54% menos chance de desenvolver a doença

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 24 nov 2021, 15h21
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    A obesidade é uma doença crônica, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal (Creatas Images/Thinkstock/VEJA/VEJA)

    Uma pesquisa publicada na revista Science aponta que um grupo de variantes raras de genes ajudam a proteger as pessoas contra a obesidade. Pesquisadores do Regeneron Genetics Center analisaram dados genéticos de sequenciamento dos exomas – fração do genoma que codifica os genes – de 645.626 indivíduos do Reino Unido, Estados Unidos e México e estimaram as associações de variantes de codificação raras com o índice de massa corporal (IMC), uma medida da adiposidade usada para definir clinicamente a obesidade. Eles identificaram 16 genes para os quais a carga de variantes raras estava associada ao IMC. “O estudo descobriu que pessoas com mutações genéticas raras no gene GPR75 tinham um risco 54% reduzido de obesidade e, em média, tendiam a pesar cerca de 5 quilos a menos do que aquelas sem as mutações”, diz o geneticista Marcelo Sady, Pós-Doutor em Genética da UNESP – Botucatu e diretor geral da Multigene, empresa especializada em análise genética e exames de genotipagem. No estudo, enquanto as variantes raras de proteínas nos genes UBR2, ANO4 e PCSK1 foram associadas a chances duas vezes maiores de obesidade, variantes no gene GPR75 levaram a uma maior resistência ao aumento de peso e melhor controle do índice glicêmico. “Esses resultados sugerem que a inibição de GPR75 pode ser uma estratégia terapêutica para a obesidade e ilustram o poder do sequenciamento de exoma em grande escala para a identificação de associações de variantes de codificação de grande efeito e alvos de medicamentos”, acrescenta o geneticista.

    Em outra pesquisa, feita pela Universidade da Virgínia, em outubro, também publicada na Science, identificou 14 genes associados à obesidade e outros três relacionados à prevenção do ganho de peso. “Sabemos de centenas de variantes genéticas que têm maior probabilidade de aparecer em indivíduos que sofrem de obesidade e outras doenças. Mas ‘mais probabilidade de aparecer’ não significa causar a doença. Essa incerteza é uma grande barreira para explorar o poder da população genômica e identificar alvos para tratar ou curar a obesidade. Para superar essa barreira, desenvolvemos um pipeline automatizado para testar simultaneamente centenas de genes e essa primeira rodada de experimentos descobriu mais de uma dúzia de genes que causam e três genes que previnem a obesidade”, disse Eyleen O’Rourke, da Faculdade de Artes e Ciências da Universidade da Virgínia, do Departamento de Biologia Celular da Escola de Medicina e do Centro de Pesquisa Cardiovascular Robert M. Berne.

    A obesidade é uma doença crônica, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. Um indivíduo é considerado obeso quando apresenta índice de massa corporal (IMC) maior que 30, sendo que as principais causas para esse problema são alimentação inadequada, principalmente rica em açúcar e gorduras, e o sedentarismo, ou seja, a falta de prática regular de atividades físicas. Segundo o geneticista, estima-se que de 40 a 70% da variação na suscetibilidade à obesidade e perda de peso seja determinada pelos genes, já que a adiposidade corporal é uma característica hereditária. “O tipo genético de cada organismo ajuda a explicar o motivo de diferentes pessoas ganharem ou perderem peso de forma distinta mesmo seguindo uma dieta igual e praticando a mesma quantidade de exercícios físicos”, explica Sady.

    Para quem já sofre com obesidade, o ideal é consultar um médico nutrólogo. “Evite a todo custo receitas milagrosas para emagrecer e dietas extremamente restritivas encontradas na internet, já que, além de não serem realmente eficazes no emagrecimento, essas mudanças drásticas nos hábitos alimentares, como restrição de grupos alimentares e diminuição de calorias e refeições, podem oferecer riscos à saúde quando realizadas sem acompanhamento médico”, alerta médica nutróloga Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).  Esses episódios de restrição, geralmente, são seguidos de compulsão alimentar, o que piora a chance de manutenção do peso adequado. “O médico especializado é capacitado para prescrever um plano de emagrecimento e combate à obesidade realmente eficaz e saudável, levando em conta as necessidades e características de cada indivíduo”, completa Marcella.

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    Por fim, conhecer as alterações genéticas de cada indivíduo e basear-se nos genes para elaborar uma abordagem nutricional personalizada também pode ser interessante para ajudar a controlar o peso corporal, reduzir o risco de obesidade e aumentar a perda de peso. “O laudo do exame de nutrigenética fornece informações detalhadas sobre o seu DNA e genes de cada pessoa, que podem ser interpretadas pelo médico nutrólogo para que as recomendações de dieta, nutrição e prática de atividade física sejam específicas para as necessidades e características de cada organismo, auxiliando assim na otimização do controle do peso e na prevenção de doenças. A partir do momento em que entendemos as alterações genéticas que possuímos, podemos realizar mudanças pontuais em nossos hábitos para balancear a ação dos genes e garantirmos a manutenção de nossa saúde”, conta o especialista.

     

     

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