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Variante resistente aos tratamentos com anticorpos preocupa cientistas

Estudo alemão mostra que a BQ.1.1 , sublinhagem da ômicron, escapa da neutralização das terapias aprovadas e disponíveis e pode desenvolver Covid grave

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 nov 2022, 19h12 - Publicado em 23 nov 2022, 18h38
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  • As terapias de anticorpos atualmente aprovadas para tratar pessoas com maiores riscos de desenvolvimento de doença grave pela Covid-19 também são eficazes contra as variantes virais que circulam atualmente? Essa é a pergunta que um estudo recente, realizado por pesquisadores do Centro Alemão de Primatas (DPZ), do Instituto Leibniz, e da universidade Friedrich-Alexander Erlangen-Nürnberg procurou responder. E o resultado mostra que a BQ.1.1, sublinhagem da ômicron, em ascensão em todo o mundo, é resistente a todos os anticorpos aprovados pela Food and Drugs Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, e pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), na Europa.

    O que acontece é que como resultado de uma infecção pelo coronavírus-2 (SARS-CoV-2) ou da vacinação contra a Covid-19, é desencadeada uma resposta imune que envolve a formação de anticorpos neutralizantes que ajudam a proteger o organismo de novas infecções. Esses agentes defensores protegem as células, ligando-se à proteína do pico viral, o que impede o vírus de entrar nas mesmas.

    Mas com as mutações na proteína Spike – que o vírus usa para invadir as células – algumas variantes do SARS-CoV-2, em especial a ômicron e suas sublinhagens, podem escapar dos anticorpos neutralizantes e causar infecções sintomáticas mesmo em pessoas vacinadas. Isso é conhecido como escape imunológico, que ameaça grupos de alto risco, como idosos e indivíduos com sistema imunológico enfraquecido, por doenças ou uso de medicamentos, por exemplo, que muitas vezes não conseguem desenvolver uma resposta imune suficiente para proteção contra doenças graves, mesmo após a vacinação completa. Por isso, é importante monitorar regularmente se os anticorpos terapêuticos continuam a ser eficazes contra as variantes virais circulantes.

    Na pesquisa, a equipe de pesquisadores da unidade de biologia de infecção do Centro Alemão de Primatas, do Instituto Leibniz e a divisão de imunologia molecular da Universidade Friedrich-Alexander-Erlangen-Nürnberg investigaram a eficiência com que as terapias de anticorpos aprovadas inibem as subvariantes da ômicron e descobriram que a B.Q.1.1 é resistente a todas disponíveis. “Para nossos estudos, misturamos partículas virais não propagantes que carregam a proteína spike de variantes virais selecionadas com diferentes diluições dos anticorpos a serem testados e, posteriormente, medimos a quantidade de anticorpos necessária para inibir a infecção de células”, explicou Prerna Arora, principal autora do estudo. “No total, testamos doze anticorpos individuais, seis dos quais aprovados para uso clínico na Europa, e quatro coquetéis de anticorpos”, completou.

    Assim, os pesquisadores descobriram que a B.Q.1.1 não pode ser neutralizada por anticorpos individuais ou por coquetéis de anticorpos, diferente da atualmente predominante BA.5, também sublinhagem da ômicron, que foi neutralizada por um anticorpo e dois coquetéis de anticorpos aprovados. “Tendo em mente os pacientes de alto risco, estamos muito preocupados com a resistência da B.Q.1.1 a todas as terapias de anticorpos aprovadas. Particularmente em regiões onde ela é generalizada, os médicos não devem confiar apenas nessas terapias para tratar alta infecção em pacientes de risco. Devem também considerar a administração de outros medicamentos, como o Paxlovid ou Molnupiravir”, afirma o pesquisador Markus Hoffmann, um dos líderes do estudo.

    A constatação de que a B.Q.1.1 é resistente aos tratamentos aprovados e disponíveis destaca a importância de desenvolver novas terapias de anticorpos contra a Covid-19. “A resistência cada vez maior de variantes do SARS-CoV-2 aos anticorpos exige o desenvolvimento de novas terapias que sejam especificamente direcionadas para essas cepas virais atualmente circulantes e futuras. O ideal é que tenham como alvo regiões da proteína spike que têm pouco potencial para escapar de mutações”, conclui Stefan Pöhlmann, chefe da unidade de biologia de infecções do Centro Alemão de Primatas, do Instituto Leibniz, que realiza pesquisas sobre primatas.

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