O Instituto Butantan pretende ter até março do ano que vem uma vacina eficaz contra a nova variante do vírus Influenza. Várias cidades do país vivem surtos de gripe provocados pela cepa H3N2, que é uma mutação que não é combatida pelos imunizantes disponíveis no mercado. O laboratório de São Paulo tem um contrato de fornecimento de 80 milhões de doses para o Ministério da Saúde no escopo do Plano Nacional de Imunizações (PNI).
Atualmente o instituto trabalha na atualização da vacina trivalente, que é eficaz contra três cepas do vírus da gripe, que é o de maior circulação no mundo. O surgimento de novas variantes é comum e previsto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que atualiza a situação das cepas duas vezes por ano. A entidade distribui informações para que laboratórios pelo mundo adequem seus imunizantes às novas versões do vírus da gripe
O Butantan está neste momento reunindo os bancos virais da variante mais recente, a H3N2, também chamada de Darwin. A vacina atual do instituto já era reconhecida pela OMS como eficaz contra o vírus da gripe, mas em setembro a entidade atualizou os dados das variantes para o ano que vem. O lote que seria utilizado na campanha de vacinação contra a gripe em 2022 no Brasil já havia sido fabricado pelo Butantan, que começou a produção da nova versão da vacina.
Apesar de o imunizante atual não ser eficaz contra a forma mais recente da doença, os especialistas ainda recomendam tomar a vacina disponível no mercado para evitar desenvolver versões graves da gripe de variantes mais antigas.
Ao menos seis estados tiveram cidades afetadas com surtos de gripe no país este ano: Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Espírito Santo, Rondônia e Amazonas. Na última quinta, a Bahia registrou a primeira morte pela H3N2. Uma senhora de 80 anos que não estava vacinada contra a gripe morreu em Salvador.
No Rio, a secretaria estadual de Saúde chegou a confirmar uma epidemia de gripe no início de dezembro. Na capital fluminense, ao menos 23 mil pessoas tiveram a doença, entre novembro e dezembro, num volume de casos que superou os da Covid-19. Até o prefeito do Rio, Eduardo Paes, contraiu o vírus. A vacinação contra a gripe na cidade chegou a ser suspensa por alguns dias no final de novembro por falta de doses disponíveis, mas logo em seguida foi retomada.