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Uma vacina contra a Covid-19 diferente de todas as outras

Em estudo na Índia, vacina de DNA pode se juntar, em breve, aos outros imunizantes existentes na luta contra o SARS-Cov-2

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 jul 2022, 18h34 - Publicado em 11 abr 2022, 14h57

Em março de 2021, o mundo comemorava a autorização das primeiras vacinas contra a Covid-19. Agora, pouco mais de um ano depois e quase 10 bilhões de doses aplicadas ao redor do mundo, juntam-se às inativadas, de mRNA e vetor viral, um novo tipo de imunizante para o combate à doença: as vacinas de DNA.

É o que mostra um estudo de fase 3, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo da vacina de DNA, ZyCoV-D, publicada no jornal científico The Lancet. Segundo a pesquisa, o imunizante contém uma dose de 2 mg de um plasmídeo de DNA (pVAX-1), que expressa o antígeno de pico do SARS-CoV-2 e um peptídeo do anticorpo IgE, administrado via intradérmica, com um sistema de injeção sem agulha.

Durante o estudo, comandado pelo pesquisador Akash Khobragade, superintendente médico do Hospital St. George, em Mumbai, na Índia, 27.703 participantes que já haviam sido infectados pela Covid-19 anteriormente, receberam três doses da vacina ZyCoV-D ou placebo, em intervalos de 28 dias, entre 16 de janeiro e 23 de junho de 2021. O resultado foi uma eficácia de 66,6% da vacina, com proteção total contra o desenvolvimento de doenças graves e mortes.

O estudo foi feito durante um surto da variante delta na Índia, com população predominantemente masculina, sem dados de etnia ou estratificação de idade, um determinante nos resultados de eficácia para os imunizantes da Covid-19. Vale ressaltar também que a análise de eficácia só foi realizada após a terceira dose, limitando a percepção do efeito da primeira e da segunda dose. Mesmo assim, a vacina foi considerada segura. “O perfil de segurança do ZyCoV-D é comparável a outra vacina baseada em DNA em desenvolvimento”, disseram os pesquisadores, sobre o imunizante que já recebeu autorização de uso emergencial na Índia. “Um marco histórico para vacinas de DNA com potencial para contribuir ainda mais para a diversidade de vacinas contra Covid-19 e o fornecimento mundial”, completam.

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Apesar de décadas de pesquisa e desenvolvimento de vacinas de DNA, incluindo pelo menos oito candidatas em ensaios clínicos para a Covid-19, elas tiveram sucesso limitado. Um dos principais desafios para esses imunizantes é a entrega: as vacinas de mRNA, por exemplo, precisam atravessar apenas uma membrana para atingir seu local de ação (citoplasma), enquanto as vacinas de DNA precisam atravessar o citoplasma e a membrana nuclear. Por isso, historicamente, as vacinas de DNA exigem um método físico de entrega, como eletroporação – pulsos elétricos de alta tensão que aumentam o potencial de transporte da membrana – ou o sistema de injeção sem agulha, usado neste estudo, que embora pareça eficaz, representa um desafio para o uso generalizado e expansão do imunizante. Por isso, a administração em massa da ZyCoV-D será limitada, não apenas pela produção e disponibilidade do DNA, mas também pelo dispositivo de injeção, que é vulnerável a interrupções globais de fabricação.

Mas se esses desafios forem superados, as condições de armazenamento favoráveis, a eficácia contra a Covid-19 (incluindo a cepa delta) e o baixo custo (<US$ 10) colocam a vacina de DNA como mais uma solução global na luta contra o coronavírus e pode atuar como um catalisador para imunizantes desse tipo contra outras doenças como tuberculose e HIV, especialmente em áreas com acesso restrito e acessibilidade.

No caso da Covid-19, embora a aplicação de quase 10 bilhões de doses no mundo seja uma conquista notável, ainda há uma disparidade na equidade, acesso e acessibilidade das vacinas entre países de alta e baixa renda. De acordo com o Global Dashboard for Vaccine Equity – (estabelecido pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, OMS e Universidade Oxford), em 18 de janeiro de 2022, aproximadamente 67,6% das pessoas em nações de alta renda receberam pelo menos uma dose, comparadas com apenas 11,3% das pessoas em países de baixa renda. “Desigualdade que tem grandes implicações negativas para o controle global da pandemia. Por isso, a necessidade urgente de se desenvolver vacinas mais acessíveis ​​e facilmente distribuíveis em grande escala”, finalizam os pesquisadores.

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