Uma pessoa comete suicídio a cada quatro segundos no mundo, é o que diz um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso corresponde a 800.000 mortes por ano. Os dados são referentes a 2016 e o número é superior aos óbitos por malária, câncer de mama, guerra ou homicídio e significa “um sério problema de saúde pública global”, segundo a organização.
Apesar do grande número de vítimas, entre 2010 e 2016, a taxa de suicídio global caiu 9,8%, mas apenas 38 países apresentam estratégias preventivas contra o problema. A única região que apresentou aumento (6%) dos casos foi a das Américas.
“Toda morte é uma tragédia para a família, os amigos e os colegas. Ainda assim, suicídios são preveníveis. Nós pedimos que todos os países incorporem de forma sustentável estratégias eficazes de prevenção de suicídio nos programas de nacionais de educação e saúde.”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.
Em números absolutos, a maioria dos suicídios ocorre em países de baixa e média renda, mas os países de alta renda têm a maior taxa de suicídio (11,5 por 100.000 habitantes). A África, Europa e Sudeste Asiático têm taxas de suicídio acima da média mundial de 10,5 por 100.000 habitantes. Já a região do Mediterrâneo Oriental tem a taxa mais baixa.
No Brasil, foram registrados 13.467 casos de suicídio em 2016, segundo a OMS. A grande maioria (10.203), entre homens. A tendência se repete em nível mundial. A taxa de homens que tiram a própria vida é quase o dobro das mulheres: 13,7 por 100.000 entre eles e 7,5% por 100.000 entre elas. Os únicos países nos quais a taxa de suicídio entre mulheres é maior que a dos homens são Bangladesh, China, Lesoto, Marrocos e Myanmar.
Homens e jovens
No geral, pouco mais da metade de todas as pessoas que cometem suicídio têm menos de 45 anos. Entre a faixa etária de 15 a 24 anos, o suicídio é a segunda principal causa de morte, depois de acidentes de carro.
Ainda segundo o levantamento, as principais formas de cometer suicídio são enforcamento, envenenamento com pesticidas e uso de armas de fogo. Portanto, restringir o acesso a esses meios é o início da prevenção.
Outras estratégias eficazes são educar a mídia sobre como relatar suicídios de forma responsável, identificar precocemente pessoas com risco aumentado de tirar a própria vida e ajudar jovens a desenvolver habilidades que os ajudem a lidar com o stress ao longo da vida.
Setembro amarelo
Na busca pela redução dos casos de suicídio no mundo, a OMS definiu o data de 10 de setembro como o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. No Brasil, há quatro anos, a Associação Brasileira de Psiquiatria, em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), promove o “Setembro Amarelo”, para conscientizar a população sobre a gravidade do problema e melhorar a ajuda a quem precisa.
Em muitos países é comum ter linhas de prevenção de suicídio para que as pessoas que considerem a alternativa possam se abrir com alguém e falar abertamente sobre medos, anseios e os problemas que as levaram a escolher esse caminho. No Brasil, este trabalho é realizado pelo Centro de Valorização da Vida (CVV) – uma associação civil sem fins lucrativos que trabalha com prevenção ao suicídio.
Para facilitar o atendimento e salvar vidas, desde julho do ano passado, as ligações de prevenção de suicídio realizadas para o CVV através do número 188 são gratuitas para todo o Brasil. A assistência, oferecida por voluntários, visa a dar apoio emocional para quem quer e precisar conversar. Apesar de não terem formação em psicologia (não é uma exigência), eles recebem treinamento adequado. A discrição também faz parte do serviço, portanto, todas as ligações são sigilosas.