O começo de ano, para muitos jovens, é época de expectativa e ansiedade, já que é momento de aguardar pelas listas de aprovados nos vestibulares. Mas nem sempre o resultado obtido é o esperado, o que pode gerar tristeza, frustração e, algumas vezes, causar dúvidas em relação à carreira escolhida.
Apesar da situação angustiante, é importante ter em mente que vivências negativas fazem parte do processo de formação do indivíduo. A orientação é de Alaor Carlos de Oliveira Neto, coordenador do Serviço de Psiquiatria do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, que deu dicas de como superar esse período tenso que antecede o início da vida acadêmica. Veja abaixo:
Por que o período do vestibular é tão difícil para a parte emocional dos estudantes?
Algo que a pessoa alimentou, nutriu, colocou sentimento e dedicação, mas não trouxe o resultado esperado, causa a decepção típica do luto, com todas as suas fases, como a frustração, a negação, a revolta. Mas também é uma das fases na qual observamos dois tipos de angústias: a da necessidade da escolha de uma carreira, nem sempre certa, e a da decisão que supostamente “vai determinar o futuro”. O insucesso nesse processo traz a recorrência da experiência de mais um ano de estudos e uma sensação de estagnação.
Mas é possível tirar experiências positivas apesar da ansiedade e das possíveis decepções?
Esse tipo de vivência como oportunidade de aprendizado é fundamental, já que a frustração contribui na formação do indivíduo e no entendimento de que nem sempre são vitórias o que a vida nos oferece. As experiências negativas, muitas vezes, são difíceis. Mas, depois de digeridas, são essenciais na formação do caráter. Especialmente durante o período do vestibular, onde encontramos o primeiro grande desafio da vida, pois marca a conclusão de uma etapa e o início de um novo ciclo de aprendizado.
Como perceber o aprendizado com a experiência que o vestibular oferece?
Conta muito mais a dedicação, o compromisso e o comprometimento que o candidato teve do que o resultado em si. Esse vem, naturalmente, com o tempo, com o amadurecimento e, até mesmo, com um pouco de sorte. O jovem não precisa acertar de primeira nas escolhas. Esse ainda é um momento de caminhos a serem seguidos. E está tudo bem mudar de ideia. Essas experiências, inclusive, são agregadoras.
E se nada adiantar?
O fundamental é entender que a vida tem que ser proporcional a nossa vivência, em todos os campos. Mas quando há a percepção de que essa vivência está sendo muito mais sofrida do que o esperado para aquele contexto, é hora de procurar uma ajuda profissional. Não adianta, por exemplo, ficar só estudando e usar o tempo de forma quantitativa, esquecendo do qualitativo. É preciso manter o cuidado com a atividade física e com a estimulação não só da mente, mas também do corpo – e em qualquer fase.
Alguma dica para os aprovados nos exames?
É mais uma etapa que começa trazendo um novo ambiente, outras formas de convivência com as pessoas, como professores e colegas, e, muitas vezes, de aprender a viver em outra cidade, longe de familiares e amigos. Caso o estudante não esteja minimamente preparado emocionalmente, por mais que o desempenho acadêmico seja bom, ele não vai dar conta.