Relação entre hiperglicemia e morte é 10 vezes maior que outros riscos
Estudo observou também aumento na incidência da obesidade e do colesterol alto em período de 12 anos
Um levantamento estatístico realizado por pesquisadores do Laboratório de Biologia Vascular do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (InCor) revelou que, em 12 anos, fatores de risco modificáveis, como alimentação, sedentarismo, tabagismo e estresse, se relacionaram diretamente com o número de mortes por doenças cardiovasculares. Entretanto, o excesso de açúcar no sangue, a hiperglicemia, foi o principal fator, sendo cinco a dez vezes maior do que a encontrada para os outros fatores de risco, especialmente entre mulheres, cuja incidência aumentou 9,5% no período analisado. Obesidade (+31%) e o colesterol alto (+5,2%) também têm impacto para a saúde.
Conforme esses fatores exercem grande influência na saúde do coração, a intervenção para diminuí-los é essencial na prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares. Fatores como idade, gênero, raça, genética e histórico familiar são aqueles não modificáveis, mas que também podem influenciar no desenvolvimento de doenças.
Nos 12 anos analisados, os óbitos totais diminuíram 21,42% e o único fator de risco que acompanhou essa queda foi o tabagismo, que caiu 33%. As campanhas nacionais de conscientização, somadas às leis antifumo aplicadas por todo o país, são fatores que podem explicar a prevenção ou adiamento de quase 20 mil mortes nesse período.
Já o aumento da hiperglicemia resultou em mais de 6 mil mortes por doenças cardiovasculares e sua prevenção se relaciona com a qualidade da alimentação e prática regular de exercícios físicos. Estilos de vida que não priorizam alimentos in natura e dieta rica em nutrientes leva ao aumento de taxas de açúcar no sangue, situação associada ao diabetes tipo 2, caracterizado pelos elevados níveis de glicose no sangue.
Os dados em que esta pesquisa se baseia foram coletados em 26 estados brasileiros, de 2005 a 2017, além de informações complementares do Global Health Data Exchange, o Institute for Health Metrics and Evaluation, além de dados oficiais do Ministério do Desenvolvimento Social, Ministério da Saúde e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).