Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Climatério (Sobrac), publicada na revista científica Climacteric, da International Menopause Society (IMS), revelou que as brasileiras não fazem tratamento hormonal adequado, a principal forma de reduzir os sintomas do climatério, período de transição em que a mulher passa da fase reprodutiva para a fase de pós-menopausa.
O estudo, realizado com 1.500 mulheres com idade entre 45 e 65 anos, apontou que somente 22,3% delas receberam recomendações médicas para realizar o tratamento hormonal a fim de passar pela menopausa com menos sintomas e, consequentemente, com mais qualidade de vida. “A mulher que não tem acesso à terapia de reposição hormonal sofre mais com ondas de calor, nervosismo e cansaço”, disse Luciano Pompei, diretor científico da Sobrac.
Segundo o especialista, essas foram as três queixas mais apresentadas na pesquisa. “Além disso, 4 em cada 10 entrevistadas relataram sintomas importantes como depressão, insônia e ansiedade, que começaram a aparecer, em média, aos 46 anos”, explica o médico.
A pesquisa também mostrou que 87,9% das participantes relataram ao menos um sintoma, sendo que as ondas de calor ou fogachos (59%) tiveram início, em média, aos 47 anos. Entre aquelas em transição para o climatério, 52,1% receberam alguma prescrição médica.
Sintomas, receios e tratamentos
Os sintomas do climatério, como secura vaginal, calores, suores noturnos, osteoporose e dificuldade para dormir, acontecem porque o corpo está produzindo pequenas quantidades do hormônio estrogênio. Mas, segundo a Sobrac, a terapia hormonal sistêmica, com o uso de pílula, adesivo transdérmico, gel ou spray, ajuda no controle desses sintomas e trazem benefícios para o humor, a memória e as relações sexuais, melhorando, assim, a qualidade de vida.
Na pesquisa, 73% das mulheres declararam que a expectativa com o tratamento era melhorar os sintomas do climatério; 58% esperavam melhorar a qualidade de vida e 41%, controlar os fogachos. Já entre os motivos para não realizarem o tratamento hormonal, elas apontaram o receio de tomar hormônios (33%), o preço do medicamento (31%) e o medo de desenvolver um câncer (26%).
Em relação aos riscos, a preocupação está relacionada à terapia hormonal sistêmica de longo prazo – o risco de desenvolver câncer de mama é o mais prevalente. Entretanto, a maioria dos riscos para esse tipo de câncer relacionado ao tratamento hormonal está associada ao progestagênio, e não somente ao estrogênio.