Mais do que combater o uso dos esteroides, atualmente os médicos também tentam desestimular a prescrição da substância. É fato que quando há demanda no mercado, os produtos de multiplicam. No mundo da malhação, a combinação deles é mais conhecida como bomba, uma vez que funciona como uma espécie de fermento para o crescimento de músculos ao mesmo tempo que ajuda na perda de peso. Não por outro motivo, nas academias de ginásticas, os esteroides fazem muito sucesso entre alunos, que compram os mais diversos produtos à base de esteroides sem receita. Dados apontam que 30% dos frequentadores fazem uso de algum tipo de hormônio. Mais recentemente, eles também passaram a compor o “chip da beleza”, um implante colocado em baixo da pele em minutos com a ajuda de uma anestesia local. Há médicos que indicam para o tratamento de mulheres na menopausa, para dar um “up” na disposição, na libido e na forma física.
Todo esse movimento pelo corpo jovem e sarado pode ter um preço muito alto. Segundo especialistas, não existe dose segura. A preocupação com o aumento do consumo e de pacientes que surgem com complicações nos consultórios levou um grupo da saúde a montar uma página nas redes sociais batizada de “bomba tô fora”, que já conta com o apoio de 600 embaixadores médicos. Mais recentemente, o endocrinologista em medicina do esporte Clayton Macedo criou o Vigicom Hormônios: Observatório do Mau Uso dos Hormônios, com o objetivo de registrar os efeitos adversos dessas substâncias, facilitar a troca de informações entre os médicos e as agências reguladoras. “O uso excessivo virou um problema de saúde pública”, diz ele, que coordena o Ambulatório de Endocrinologia do Exercício e do Serviço de Medicina do Esporte da Unifesp. “Os clientes chegam a usar até 100 vezes a dose indicada. Fazem um esquema de pirâmide de associações, algumas tóxicas.” Uma delas, a trembolona, esteroide anabolizante de uso veterinário. O usuário, segundo Macedo, fica nervoso e agressivo, além de ter outros riscos, como de enfarte, hepatite e atrofia cerebral.
Mesmo o popular “chip da beleza”, implantado por médicos, não é uma fórmula aprovada pela Agência de Vigilância Sanitária. Trata-se de uma combinação contendo estradiol oxandrolona, metformina, ocitocina, entre outros hormônios. Macedo alerta que os efeitos colaterais dos dispositivos podem ser graves e imprevistos, a longo prazo, mesmo quando acompanhado por um médico. “Quem prescreve faz apologia de um corpo perfeito”, diz ele. E, deixa a saúde de lado.