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Pesquisadores buscam novos tratamentos para a Covid-19 no fundo do mar

Segundo pesquisa escocesa, substâncias derivadas de algas marinhas podem se transformar em potentes antivirais contra o coronavírus

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 14 nov 2021, 14h17

Mais de 18 meses após o início da pandemia, cientistas continuam em busca de tratamentos antivirais eficazes contra a Covid-19. A esperança é encontrar medicamentos que ataquem o novo coronavírus e não o deixem se replicar e se desenvolver no organismo humano. Até agora, apareceram algumas opções:  o Molnupiravir, desenvolvido pela Merck – MSD, no Brasil – em parceria com a Ridgeback Biotherapeutics, e o Paxlovid, criado pela Pfizer. Ambos são comprimidos indicados para casos leves e moderados da doença, que se administrados nos primeiros cinco dias após o aparecimento dos primeiros sintomas, diminuem consideravelmente os riscos de as pessoas infectadas serem hospitalizadas ou morrerem. Também havia o Remdesivir, autorizado para uso emergencial, mas que deixou de ser recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) após a divulgação de pesquisas recentes que mostraram sua falta de eficácia para pacientes de Covid-19.

Assim, muitos pesquisadores continuam a procura e se perguntando: onde mais se pode encontrar antivirais alternativos? A resposta é: provavelmente na natureza, um excelente centro repleto de compostos naturais valiosos e que nos forneceu a penicilina, o primeiro antibiótico natural a ser usado terapeuticamente e uma das descobertas científicas mais importantes da história.  Graças a esta droga, várias doenças causadas por bactérias não são mais fatais.

Há, portanto, uma grande chance de se descobrir um agente antiviral altamente eficaz na natureza, “se forem capazes de testar todas as substâncias dentro do ambiente natural”, dizem os especialistas. O mar, por exemplo, é um ótimo local para se encontrar novos medicamentos. Alguns compostos derivados de organismos marinhos já foram aprovados pela Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, para uso médico como o tratamento de câncer (Ara-C e Trabectedina) e dor (ziconotide). Outros como os polissacarídeos sulfatados marinhos ou PS, tipo de carboidrato que contém enxofre, encontrado principalmente nas paredes celulares de algas marinhas, demonstraram ser antivirais promissores para inibir vírus causadores de doenças como os do herpes simplex, HIV, chikungunya, citomegalovírus, influenza e vírus da hepatite. “Por isso, estamos recorrendo a métodos computadorizados para prever como os PS se comportariam com o coronavírus”, disse Abdalla Mohamedsalih, pesquisador e doutor em Filosofia na Escola de Computação, Engenharia e Ciências Físicas da University of The West of Scotland. Segundo Mohamedsalih, sua pesquisa começou com a análise de cerca de 80 artigos que mencionavam os efeitos dos PS contra vírus diferentes. “Chegamos a uma lista de 45 substâncias, selecionados de várias fontes marinhas que podem ter um efeito antiviral e, portanto, valem serem investigados”, detalha ao portal The Conversation. Em seguida, ele e outros pesquisadores construíram versões 3D dessas moléculas, junto com a proteína spike, que cobre a parte externa do coronavírus, usada para infectar as células. “Usamos esses modelos de computador que simula as ligações de cada PS à proteína.  Descobrimos uma substância quimicamente semelhante chamada heparina, que se mostrou promissora contra o SARS-CoV-2, mas não é adequada para o tratamento da Covid-19 porque dilui o sangue”, explica Mohamedsalih.  “Nos concentramos então em encontrar um PS que se ligue ao vírus da mesma forma que a heparina.”

Dos 45 MSPs selecionados, nove mostraram essa mesma atividade de ligação, sugerindo caminhos promissores para o desenvolvimento de futuros medicamentos. A carragenina, produto de algas vermelhas usado em sprays nasais e pastilhas para o resfriado comum, por exemplo, já está sendo testada para impedir que as pessoas sejam infectadas com o coronavírus. “As outras substâncias que descobrimos estão um pouco atrás, mas temos esperança em seus potenciais revelados rapidamente. Agora, vamos passar aos testes de laboratório para confirmar sua atividade contra o SARS-CoV-2 e, se tudo correr bem, em breve poderemos ter um medicamento de origem marinha para o tratamento da Covid-19”, finaliza.

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