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Pandemia elevou obesidade em crianças e adolescentes, diz Fiocruz

Estudo inédito mostra crescimento de 6,08% na população até 5 anos e de 17,2% entre os adolescentes; índices do Brasil superam média global

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 23 nov 2023, 08h00
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  • Horas diante de celulares e videogames, acesso a doces e salgadinhos, falta de atividades físicas. Os hábitos nada benéficos à saúde que cresceram nos primeiros anos da pandemia de Covid-19 levaram a consequências que trazem riscos para crianças e adolescentes brasileiros, segundo um estudo inédito do Observatório de Saúde na Infância, ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que mostrou um aumento de 6,08% no número de crianças de até cinco anos com sobrepeso ou obesidade. Entre adolescentes, o índice foi mais alarmante e atingiu 17,2%.

    Para o levantamento, o grupo teve como base os dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan-WEB), que monitora indicadores de saúde e nutrição. O período analisado foi de 2019, pré-pandêmico, a 2021, contemplando os dois primeiros anos da emergência de saúde pública.

    “Nos anos de pandemia, observamos um aumento nos índices de obesidade infantil possivelmente consequência do aumento no consumo de ultraprocessados durante o período de isolamento”, disse, em nota, Cristiano Boccolini, pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e coordenador do Observa Infância.

    De acordo com o estudo, o processo de retomada das atividades, possível graças à vacinação da população, levou ao que os pesquisadores identificaram como um recuo dos indicadores entre 2021 e 2022, totalizando queda de 9,5% no número de crianças com sobrepeso ou obesidade e de 4,8% entre os adolescentes.

    Segundo Boccolini, embora a obesidade infantil esteja em queda nos últimos anos, o Brasil contabiliza índices acima da média global e da América Latina. No ano passado, o índice da população até cinco anos com excesso de peso era de 14,2%. O de adolescentes era de 31,2%. A média global é de 5,6% e 18,2%, respectivamente.

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    “Este estudo serve como um chamado à ação para políticas públicas, profissionais de saúde, escolas e famílias para redobrar os esforços na luta contra a obesidade infantil, garantindo um futuro mais saudável para as crianças do Brasil”, afirma Boccolini.

    Pandemia e crianças

    Os impactos da pandemia de Covid-19 para as crianças tem sido alvo de pesquisas ao redor do mundo. Em julho deste ano, um estudo publicado no periódico científico JAMA Network Open mostrou que a crise sanitária desencadeou uma explosão de casos de diabetes tipo 1 em crianças e adolescentes.

    Segundo os pesquisadores, a incidência foi 14% maior em 2020 e atingiu 27% em 2021 em relação a 2019. As causas ainda eram investigadas, mas os dados apontavam que o quadro foi desencadeado por um cenário relacionado com dieta, obesidade e isolamento social.

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