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Países como EUA e Canadá começam a vacinar contra a varíola dos macacos

A estratégia adotada é usar as vacinas contra a varíola, que se acredita serem eficazes contra a zoonose viral já que os vírus estão relacionados

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 jul 2022, 17h13 - Publicado em 9 jun 2022, 16h38
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  • Vírus da varíola dos macacos
    Vírus da varíola dos macacos (Centro de Controle de Doenças (CDC)/Divulgação)

    Mesmo a Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomendando a vacinação em massa contra a varíola dos macacos (monkeypox, em inglês), zoonose viral capaz de infectar humanos e que está em surto na Europa e na América do Norte, alguns países como Canadá, Reino Unido e Estados Unidos começaram a implementar uma estratégia chamada “vacinação em anel”, no intuito de conter a propagação do vírus. Isso envolve a administração de vacinas contra a varíola – que se acredita serem eficazes contra a varíola do macaco porque os vírus estão relacionados – a pessoas que foram expostas à doença por contato próximo com um infectado.

    “Mas há incógnitas e desafios que acompanham essa estratégia”, diz Natalie Dean, bioestatística da Emory University em Atlanta, Geórgia. Embora as vacinas sejam consideradas seguras e eficazes para uso em pessoas com infecção por varíola, elas tiveram testes limitados contra a varíola dos macacos. A estratégia também se baseia no rastreamento rigoroso de contatos, que pode não ser implementado em todos os países, e as pessoas devem concordar em ser inoculadas com vacinas que podem desencadear efeitos colaterais raros, mas graves.

    “A vacinação em anel pode ser uma ferramenta poderosa”, afirma Natalie, mas para ser eficaz, precisa ser usada cedo – enquanto os números de casos ainda são gerenciáveis”. Ela diz ainda que há uma janela de oportunidade estreita para impedir que o vírus ganhe uma posição mais permanente nas populações humanas ou animais em países onde os surtos globais estão ocorrendo.

    Essas preocupações aumentaram na última semana, quando os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos EUA, relataram dados genômicos mostrando que existem pelo menos duas cepas do vírus da varíola dos macacos, responsáveis ​​​​pelos surtos. Essa descoberta sugere que o vírus pode estar circulando internacionalmente por mais tempo do que se pensava. Mas Andrea McCollum, epidemiologista chefe da equipe de poxvírus no CDC, em Atlanta, diz que, embora os novos dados genômicos não alterem os esforços da agência para conter o vírus, eles complicarão a investigação sobre as origens do surto.

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    Atualmente, são mais de 1.000 infecções confirmadas em quase 30 países – autoridades de saúde pública e pesquisadores questionam se os surtos atuais podem ser contidos. A Organização Mundial da Saúde (OMS), porém, diz que é improvável que a situação se transforme em uma pandemia.

    Estoques de vacina

    Alguns países mantêm estoques de vacinas contra a varíola, principalmente porque as autoridades de saúde pública temem que a varíola – o vírus erradicado há mais de 40 anos e que mata cerca de 30% das pessoas que a contraem – possa ser transformado em arma ou liberados acidentalmente de laboratórios onde as amostras são mantidas. Hoje, existem dois tipos principais de imunizante disponíveis contra a varíola. Cada um contém um poxvírus vivo, chamado vírus vaccinia, intimamente relacionado ao vírus da varíola. As vacinas de “segunda geração” podem causar efeitos colaterais raros, mas graves, porque contêm vaccínia, ou seja, pode se replicar nas células de uma pessoa. Já as versões de “terceira geração” têm menos efeitos colaterais porque contêm um vírus enfraquecido.

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    Acredita-se que essas vacinas contra a varíola tenham cerca de 85% de eficácia contra a infecção, de acordo com o CDC e a OMS, que citam “dados anteriores da África”, onde surtos ocorreram há décadas, para apoiar suas avaliações. “Mas o número citado é questionável”, adverte Natalie.

    Ele vem de um estudo observacional de 1988, realizado no Zaire (atual República Democrática do Congo) envolvendo 245 pessoas infectadas com varíola e 2.278 de seus contatos. Como as vacinas contra a varíola de segunda e terceira geração produzem uma resposta de anticorpos comparável à induzida pelas de primeira geração, agora obsoletas e administradas no estudo, os cientistas pensam que as vacinas mais recentes teriam uma eficácia semelhante contra a varíola dos macacos. “Há evidências convincentes de estudos em animais de que esses imunizantes funcionariam contra a varíola dos macacos, mas não foram testadas diretamente em pessoas”, explica a pesquisadora.

    Ao contrário da resposta à Covid-19, as autoridades de saúde pública não estão ponderando uma campanha de vacinação em massa para a varíola dos macacos. Isso porque os países estocaram mais vacinas contra a varíola de segunda geração do que as versões de terceira geração – e os efeitos colaterais impedem que sejam administradas a crianças, grávidas, pessoas imunocomprometidas ou com um espectro de condições da pele que são classificadas como ‘eczema’. As vacinas de terceira geração, às quais menos países têm acesso, têm menos efeitos colaterais e, portanto, podem ser administradas a mais pessoas.

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    “Nenhuma morte por varíola foi relatada fora da África este ano; no entanto, 4,7% das pessoas que contraíram varíola em sete países da África Ocidental e Central em 2022 morreram. Isso faz com que a discussão de uma campanha de vacinação em anel – ou ainda mais ampla – em países fora da África seja difícil”, diz Ifedayo Adetifa, chefe do Centro de Controle de Doenças da Nigéria, em Abuja. Os países membros da OMS prometeram mais de 31 milhões de doses de vacina contra a varíola à agência para uso emergencial, mas essas doses nunca foram usadas contra a varíola dos macacos na África.

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