A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas, disse nesta quarta-feira, 4, que poderá ser necessário atingir uma cobertura vacinal de, no mínimo, 90% para controlar a transmissão do novo coronavírus. Anteriormente, epidemiologistas trabalhavam com uma taxa de cerca de 70% de vacinados para controlar a pandemia. No entanto, a disseminação de variantes mais contagiosas, como a delta, alertam para a possibilidade de ter que aumentar o índice.
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Países com altas taxas de vacinação, como Estados Unidos, Reino Unido e Israel, apresentaram novos picos de casos da doença devido a novas variantes. Segundo Sylvain Aldighieri, gerente de incidentes da Opas, ainda não há consenso entre a comunidade científica sobre os pré-requisitos para a imunidade coletiva para a Covid-19, mas pode haver necessidade de ser acima de 90%. No Brasil, essa já é a meta do Plano Nacional de Imunização. Segundo informações do governo federal, ela já foi alcançada em pessoas a partir de 70 anos.
Terceira dose
Assim como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Opas disse que, neste momento, ainda não há evidências para aplicação de uma terceira dose do imunizante contra o coronavírus. Contudo, Aldighieri ressalta que o cenário pode mudar nos próximos meses.
Esquema de vacinação completo
Se por um lado ainda não há consenso sobre a necessidade de uma dose extra, já está mais do que confirmado que completar o esquema de imunização com duas doses, nos imunizantes que seguem esse regime, é fundamental para conferir alta proteção contra a doença, incluindo a variante delta.
Em comunicado divulgado nesta quarta-feira, 4, a EMA, agência que regula medicamentos na União Europeia, e o Centro Europeu de Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês), que a população tome as duas doses da vacina. “A vacinação completa com qualquer uma das vacinas aprovadas pela UE/EEA [União Europeia/Espaço Econômico Europeu] oferece um alto nível de proteção contra doenças graves e morte causadas por SARS-CoV-2, incluindo variantes, como a Delta. O nível mais alto de proteção é alcançado depois de decorrido tempo suficiente (sete a quatorze dias) desde o dia da última dose da vacina”, diz o comunicado.
Delta no Brasil
A variante delta começa a se espalhar no Brasil. Segundo informações da Secretaria de Saúde do estado do Rio de Janeiro, a cepa identificada na Índia já foi encontrada em 38 municípios nas nove regiões do estado. Na capital, a nova cepa já representa 45% das amostras analisadas entre junho e julho. No estado, os casos de Covid-19 causados pela variante identificada originalmente na Índia representam 26,09% do total.
“É possível afirmar que a variante Delta está em circulação no estado do Rio de Janeiro, com tendência de aumento e conversão para se tornar a mais frequente, substituindo a variante Gama”, informou a Secretaria de Saúde.
Em São Paulo, o governo estadual anunciou na manhã desta quarta-feira, o lançamento de um contêiner móvel para a identificação de novas variantes do novo coronavírus. O laboratório, inédito na América Latina, segundo o governador João Doria, oferece a realização do teste e da variante, em caso positivo, no mesmo dia. A capacidade é de cerca de 300 amostras por dia. O ponto de partida será a cidade de Aparecida, no interior do estado, entre quarta, 4, e quinta, 5, devido ao alto fluxo rodoviário. Em seguida, irá para a Baixada Santista, devido al alto fluxo de navios e passageiros no Porto de Santos.