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OMS alerta para presença de vírus causador da poliomielite em Gaza

Poliovírus foi detectado em seis amostras de água residual e pode ter sido introduzido em setembro do ano passado; doença causa paralisia

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 jul 2024, 15h34 - Publicado em 23 jul 2024, 15h31
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  • GAZA CITY, GAZA - MARCH 21: Smoke rises after the Israeli army bombed a building in the Al-Shifa Medical Complex in the western part of Gaza City on March 21, 2024. (Photo by Dawoud Abo Alkas/Anadolu via Getty Images)
    Fumaça sobe pelo céu depois de o exército israelense bombardear um prédio no Complexo Médico Al-Shifa, na parte oeste da cidade de Gaza (21/3/2024) (Dawoud Abo Alkas/Getty Images)

    A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta terça-feira, 23, que o poliovírus, agente causador da poliomielite — também conhecida como pólio ou paralisia infantil –, foi encontrado em seis amostras em Gaza, região afetada pela guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas deste outubro do ano passado. De acordo com a entidade, o vírus não foi detectado em seres humanos e não há casos de paralisia até o momento, mas há risco de propagação tanto na região e em “nível internacional se este surto não for respondido de forma rápida”.

    A notificação à entidade foi feita pela Rede Global de Laboratórios da Poliomielite (GPLN, na sigla em inglês) na semana passada após identificar seis isolados circulantes do poliovírus tipo 2 (cVDPV2) em amostras ambientais nas províncias de Deir al-Balah e Khan Younis.

    De acordo com artigo publicado no periódico Science, a coleta foi realizada em águas residuais no fim de junho e isso indicaria a circulação do vírus na região, que sofre com deslocamentos populacionais em massa e colapso do sistema de saúde em virtude dos ataques israelenses.

    As amostras foram encaminhadas para os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos para sequenciamento genômico adicional e foi constatada ligação genética entre as amostras. Elas também estão relacionadas ao poliovírus tipo 2 que foi detectado em circulação no Egito no segundo semestre do ano passado.

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    Segundo a OMS, a análise das alterações genéticas nas amostras apontam que a variante do poliovírus pode ter sido introduzida em Gaza em setembro do ano passado.

    Este tipo do patógeno, o cVDPV2, não é a forma selvagem do poliovírus, mas o que se forma a partir da vacina oral, substituída ao redor do globo em 2016 por uma versão com o vírus inativado para evitar o risco de infecção pelo vírus excretado pelas fezes. Mesmo assim, é altamente perigoso quando se espalha em regiões onde as taxas de vacinação são baixas ou são afetadas por catástrofes ou conflitos, responsáveis pelo comprometimento das redes de saneamento.

    “A dizimação do sistema de saúde, a falta de segurança, a obstrução do acesso, a constante deslocação da população, a escassez de material médico, a má qualidade da água e o saneamento deficiente estão a aumentar o risco de doenças evitáveis ​​pela vacinação, incluindo a poliomielite. Isto representa um risco para as crianças e cria o ambiente perfeito para a propagação de doenças como a poliomielite”, declarou, nas redes sociais, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.

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    Ghebreyesus informou ainda que, antes do início da guerra, “as taxas de vacinação contra a pólio em Gaza eram ótimas”.

    Emergência global

    A poliomielite é a única doença em Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (PHEIC, na sigla em inglês), o mais alto status de alerta dado pela OMS para uma doença em circulação no mundo. Por ser altamente contagiosa, ela é mantida como emergência global desde 2014, o período mais longo desde a criação do mecanismo em 2005.

    A declaração ocorreu diante do registro de 68 casos de poliovírus selvagem, o que ameaçava a meta de erradicação global da doença estabelecida pela Assembleia Mundial da Saúde em 1988, quando a pólio causava paralisia em 1 mil crianças por dia. Entre 1988 e 2021, os casos de poliovírus selvagem caíram de 350 mil episódios em 125 países endêmicos para seis casos em 2021. O último episódio notificado no Brasil ocorreu em 1989 e o país foi considerado livre do vírus em 1994.

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    O polivírus selvagem tem três cepas e duas já foram erradicadas. O tipo 2 foi eliminado em 1999 e o 3, em 2020. O poliovírus endêmico tipo 1 continua ativo apenas no Paquistão e no Afeganistão.

    A pólio afeta principalmente crianças com menos de 5 anos e foi responsável por surtos que deixaram pacientes pediátricos sem movimentos das pernas e causou mortes. Segundo a OMS, uma em cada 200 infecções leva à paralisia irreversível e, nessa população, 5 a 10% morrem em decorrência da imobilidade dos músculos respiratórios.

    O contágio ocorre de pessoa para pessoa por via oral-fecal ou por contato com alimentos ou água contaminados. A multiplicação do vírus ocorre no intestino e, após a invasão do sistema nervoso, a paralisia pode ter início em questão de horas. Os primeiros sintomas são febre, fadiga, dor de cabeça, vômitos, rigidez de nuca e dores nos membros.

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    Não há tratamento para a poliomielite e só a vacina pode evitar casos da doença.

    Vacinação contra a pólio no Brasil

    A vacina contra a poliomielite é oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para bebês e crianças, que também devem receber doses de reforço. A cobertura vacinal para evitar surtos e epidemias deve ser de 95%.

    Um novo esquema vacinal contra a doença que entrará em vigor a partir do segundo semestre deste ano, as duas doses com a vacina oral poliomielite (VOP), imunizante que inspirou a criação do personagem Zé Gotinha no ano de 1986, será substituída pela vacina inativada poliomielite (VIP), a ser aplicada tanto na proteção inicial quanto no reforço.

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    Dessa forma, as crianças vão receber as três doses iniciais — aos dois, quatro e seis meses — e o reforço com a VIP.

    Segundo o Ministério da Saúde, até maio deste ano, o número de crianças com menos de 1 ano que receberam a VIP está em 85,42%. Os dados preliminares de 2023 indicam que o percentual foi de 84,63%. Em 2022, o índice foi de 77%.

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