O que o sono tem a ver com a gordura e o coração?
Estudo mostra que uma noite mal dormida aumenta a gordura associada a doenças cardiovasculares e metabólicas
Uma noite de sono ruim aumenta a gordura associada a doenças cardiovasculares. É o que mostra um estudo realizado por pesquisadores do Mayo Clinic nos Estados Unidos, publicado na revista científica Journal of the American College of Cardiology. Segundo a pesquisa, a falta de um sono reparador provoca um aumento de 9% na área total da gordura abdominal e de 11% na gordura visceral, motivo de preocupação para os cientistas.
“Isso sugere que o sono inadequado é um gatilho previamente não reconhecido para a deposição de gordura visceral, e que o sono de recuperação, pelo menos a curto prazo, não reverte esse acúmulo da gordura”, diz Virend Somers, professor de medicina cardiovascular do Mayo Clinic e um dos autores principais da pesquisa, em nota. “A longo prazo, essas descobertas sugerem que o sono inadequado contribui para as epidemias de obesidade, doenças cardiovasculares e metabólicas”, afirma, sobre o acúmulo de gordura visceral, que ocorre entre os órgãos internos do abdômen e é diretamente associado ao desenvolvimento de doenças metabólicas e cardiovasculares.
De acordo com os pesquisadores, as pessoas têm dormido menos por conta de turnos de trabalho, aparelhos eletrônicos e redes sociais, fora os problemas de sono adquiridos pelos fatores estressantes da pandemia da Covid-19 e o fato de haver uma tendência em se comer mais, já que as pessoas passam mais tempo acordadas e não compensam com exercícios físicos. “Nossos achados mostram que o sono encurtado, mesmo em indivíduos jovens, saudáveis e relativamente magros, está associado a um aumento na ingestão de calorias, o que proporciona um aumento pequeno no peso, mas um aumento significativo no acúmulo de gordura dentro da barriga”, aponta Somers.
O estudo foi feito com doze pessoas saudáveis, divididos em grupos, que passaram por dois períodos de análise de 21 dias. Uma parte dos voluntários dormiram normalmente – cerca de nove horas – e a outra, teve o sono restrito a quatro horas diárias. Durante esse período, os cientistas observaram consumo de energia, gasto energético, peso corporal, composição do corpo, distribuição de gordura – incluindo a visceral – e biomarcadores de apetite. Durante o tempo de sono restrito, também concluíram que as pessoas consumiram 13% mais proteína e 17% mais alimentos gordurosos, em média.