O que a massa muscular tem a ver com o câncer de pulmão?
Estudo brasileiro aponta que uma medida simples como a circunferência da panturrilha pode prever resultados oncológicos
Um estudo brasileiro, publicado no Journal of Thoracic Oncology, mostra que a massa muscular pode prever resultados oncológicos em pacientes com câncer de pulmão com medidas simples e de baixo custo. “Observamos nesse estudo que o uso de medidas como a circunferência da panturrilha e força de preensão manual no diagnóstico, também é preditivo de resultados negativos no tratamento do câncer de pulmão e não pode mais ser negligenciado”, afirma oncologista torácico Carlos Gil Ferreira, autor sênior do estudo apresentado na Conferência Mundial sobre Câncer de Pulmão (WCLC 2022), a maior conferência internacional do mundo para médicos, pesquisadores e cientistas na área de câncer de pulmão e oncologia torácica, que ocorreu em agosto, em Viena, na Áustria.
Isso porque pacientes com câncer de pulmão costumam apresentar baixa taxa de massa muscular e, com isso, maior ocorrência de efeitos colaterais durante o tratamento, que comprometem o funcionamento físico e a qualidade de vida. “Isso poderia ser evitado porque é possível recuperar a massa muscular com intervenções nutricionais. Mas é preciso detectar o problema precocemente”, diz Ferreira. “O problema é que os métodos de avaliação, como tomografia computadorizada são caros, nem sempre disponíveis e não são fáceis de usar na prática clínica”.
Na pesquisa, foram incluídos 50 pacientes com câncer de pulmão, sendo 62% do sexo feminino, 94% idosos, 88% com câncer de pulmão não pequenas células, 88% com diagnóstico de doença em estágio III e IV e 64% tabagistas. Na avaliação da sobrevida global, pacientes com baixa massa muscular e baixa força tiveram sobrevida significativamente menor em 349 dias contra 1247 para aqueles com parâmetros acima dos pontos de corte definidos.