A cegueira é um problema visual que retira a visão de uma pessoa ou reduz drasticamente sua capacidade de enxergar. Entre as principais causas estão doenças congênitas, ferimento ou infecções nos olhos, e doenças visuais, como glaucoma e catarata. Na maioria das vezes, a cegueira não pode ser revertida e a pessoa precisa se adaptar à condição. No entanto, cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, vêm desenvolvendo um dispositivo que pode mudar essa realidade.
O aparelho é composto por uma câmera que, acoplada a um óculos, captura imagens e envia os dados para um equipamento portátil entregue ao paciente. Essas informações são enviadas para um implante previamente inserido na parte do cérebro responsável pelas funções visuais. O implante, por sua vez, forma pontos luminosos que ajudam a pessoa a enxergar. O projeto, batizado de Orion, é experimental e ainda está em fase de testes clínicos, mas já apresentou resultados surpreendentes em apenas 18 meses.
Um dos seis participantes do estudo afirma ter sido capaz de ver novamente. “A primeira vez que vi um pontinho branco, fiquei sem palavras. Foi a coisa mais linda que já vi. Se olho em volta, percebo movimento, vejo luz e escuridão. Eu posso dizer se uma linha é vertical ou horizontal ou se está em um ângulo de 45 graus”, explicou o sul africano Jason Esterhuizen, à CBS News.
Ele perdeu a visão após se envolver em um acidente de carro quando tinha 23 anos. Segundo Esterhuizen, na ocasião, ele bateu a cabeça no volante, em seguida na janela, e depois foi arremessado para fora pelo teto solar. Desde então não conseguiu mais enxergar.
Maior independência
De acordo com Nader Pouratian, líder do estudo, o dispositivo só está sendo testado em pessoas que tinham o sentido da visão, mas em algum momento da vida o perderam. Além disso, o equipamento não devolve completamente a capacidade de ver, mas permite que o indivíduo enxergue formas ao seu redor, o que proporciona maior qualidade de vida e independência. “As figuras pode ter várias formatos, pode ser circular, pode ser oval. Pode ser uma linha em movimento”, esclareceu.
Graças ao dispositivo, Esterhuizen consegue praticar atividades que antes não conseguia devido a deficiência visual. Agora, ele consegue cozinhar, limpar, levar o lixo para fora. “Eu consigo diferenciar as peças de roupa, dizer se são claras ou escuras. Mas ainda não enxergo cores”, contou. Ele diz já ter até mesmo enxergado a garçonete de um bar: “E eu vi dois pontinhos acendendo e, conforme ela se aproximava, vi três e depois cinco. Então, ela estava bem na minha frente, brilhando. Eu pensei: ‘uau, isso é legal'”, disse.
Os pesquisadores envolvidos no estudo não informaram quando o dispositivo estará disponível. O estudo ainda está na fase inicial e os voluntários precisam ser acompanhados por mais quatro anos. Depois disso, pesquisas com maior número de participantes devem ser realizadas para verificar os resultados. Ainda assim, a descoberta pode significar esperança para milhares de pessoas.