Um novo tipo de exame de imagem pode prever o risco de acidente vascular cerebral, de acordo com um recente estudo publicado no periódicos científicos JACC: Cardiovascular Imaging e no PLOS ONE.
A técnica, desenvolvida por cientistas da Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, consiste em uma ressonância magnética capaz de rastrear as carótidas, artérias que ligam ambos os lados do pescoço ao cérebro, em busca de possíveis placas de colesterol, que podem causar o acidente vascular cerebral (AVC), medindo-as e avaliando os riscos dessas dimensões.
Menores riscos
Estima-se que, ao longo da vida, uma em cada seis pessoas sofrerá um AVC, que é a principal causa de incapacidade no mundo. Anualmente, são registradas 6,5 milhões de mortes devido ao problema. Só no Brasil, em 2015, foram cerca de 100.000 óbitos.
Aproximadamente 85% dos casos de AVC são do tipo isquêmico, ou seja, causados pela obstrução de um vaso sanguíneo que fornece sangue ao cérebro, bloqueando a passagem de oxigênio para as células nervosas (também chamadas de neurônios). Já os outros 15% são referentes à forma hemorrágica, quando um aneurisma (vaso enfraquecido) rompe e sangra no cérebro.
Para os pesquisadores, a nova técnica pode ajudar a reduzir os casos de AVC isquêmico e antecipar o tratamento. “”Ser capaz de quantificar o colesterol nas placas carotídeas é uma perspectiva realmente animadora, pois essa nova técnica poderia ajudar os médicos a identificar pacientes em risco e tomar decisões mais informadas sobre seus tratamentos.”, disse Luca Biasiolli, um dos autores do estudo, ao jornal on-line britânico The Guardian
O exame
Em um primeiro teste, a equipe de pesquisa utilizou o método para medir a quantidade de colesterol nas artérias de 26 pacientes que estavam à espera de cirurgia. Depois de as placas terem sido removidas, os pesquisadores analisaram o conteúdo delas e realmente coincidia com o indicado pelo exame anterior. Em um segundo teste, eles confirmaram os resultados em mais 50 pessoas.
No entanto, mais pesquisas são necessárias para colocá-la em prática. “Essa pesquisa abre a possibilidade para que no futuro possamos identificar mais precisamente pessoas com placas que possam se romper e causar o derrame”, disse Nilesh Samani, diretor da Fundação Britânica do Coração, que ajudou a financiar o estudo. “Os pacientes podem ser tratados antes do acidente – com cirurgia removendo a placa, por exemplo – enquanto outros, com antecedência, podem até ser poupados da cirurgia.”
Velocidade no atendimento
A velocidade no atendimento de uma pessoa com AVC é determinante para evitar sequelas graves como dificuldades de movimentação, linguagem, visuais, de memória e até mesmo comportamentais. Em casos de AVC isquêmico, por exemplo, a artéria obstruída impede a passagem de sangue e oxigênio para aquela área do cérebro. isso faz com que a cada minuto não tratado, o paciente perca, aproximadamente, 1,9 milhões de neurônios na região afetada.
Além disso, o trombolítico alteplase (rt-PA), medicamento injetável que age deixando o sangue mais fino, a fim de dissolver o trombo e desobstruir a artéria, só pode ser administrado até 4h30 após o início dos sintomas. Após esse período, é necessário um procedimento mais complicado, chamado trombectomia, que consiste na remoção do trombo da artéria, e demanda a existência de um neurorradio intervencionista.
Para que a intervenção seja rápida, é fundamental reconhecer os sintomas do problema que, geralmente, surgem subitamente. Com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância do rápido atendimento ao paciente que está sofrendo um AVC, a Rede Brasil AVC, ONG criada com o objetivo de melhorar a assistência global ao paciente com AVC em todo o país, e a Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares, com o apoio da Boehringer Ingelheim, lançaram a campanha “A Vida Conta – Cada minuto faz diferença”, focada em vídeos com informações impactantes sobre a doença.
Alguns dos temas abordados são a identificação dos sintomas mais comuns como dormência ou fraqueza na face, braço ou perna – especialmente em um lado do corpo -, confusão, dificuldade para falar ou compreender a fala, dificuldade para enxergar, tontura (sensação giratória) associada com dificuldade para andar, perda de equilíbrio ou coordenação. Também pode haver dor de cabeça súbita, intensa e sem causa conhecida – mais comum em AVC hemorrágico.
Outro ponto importante é a redução dos fatores de risco. Alguns, como hereditariedade, idade e sexo não podem ser modificados, mas fatores associados ao estilo de vida, como pressão alta, diabetes, colesterol elevado, arritmias cardíacas, tabagismo, obesidade, sedentarismo e estresse são preveníveis.