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Nova droga promissora contra obesidade reduz peso em 24% em estudo

Retatrutida age em três hormônios ligados à saciedade e metabolismo da glicose; ensaio de fase 2 foi feito com 338 voluntários

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 out 2023, 20h18 - Publicado em 6 out 2023, 19h50
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  • Um novo estudo com a droga retatrutida, que tem sido avaliada como promissora para o tratamento de pessoas com diabetes, apontou que o fármaco em análise foi capaz de levar a uma redução de 24,2% do peso corporal no grupo que recebeu a dosagem de 12 mg ao longo de 48 semanas. Entre os voluntários  que utilizaram placebo, a queda foi de 2,1%. O ensaio de fase 2 foi publicado no periódico The New England Journal of Medicine e apresentado à comunidade científica no congresso anual da Associação Europeia de Estudos sobre Diabetes (EASD, na sigla em inglês).

    A análise foi realizada com 338 adultos com obesidade ou índice de massa corporal (IMC) acima de 27  e menor que 30 com, ao menos, uma comorbidade. A droga é da família de novos medicamentos contra obesidade e diabetes que ficaram conhecidos ao redor do mundo, como Ozempic e Wegovy (semaglutida) e Mounjaro (tirzepatida), por superar a marca de perda de peso entre 5% e 10% de remédios mais antigos.

    Assim como esses fármacos, a retatrutida age em hormônios ligados à saciedade e metabolismo da glicose, com o diferencial de agir em três deles. “A semaglutida imita o hormônio GLP-1, que influencia nossa sensação de saciedade e está presente em todos esses medicamentos de controle de obesidade e diabetes. Mas a retatrutida, que é um agonista triplo, simula mais dois hormônios, o GIP, que melhora a secreção de insulina após uma refeição e o Glucagon, que aumenta o nível de glicose no sangue contrapondo-se aos efeitos da insulina”, explica a endocrinologista Alessandra Rascovski, que acompanhou o evento da EASD.

    As expectativas para a próxima etapa de ensaios clínicos (a fase 3) é elevada, porque há uma expectativa da comunidade médica de, no futuro, ofertar o tratamento para a obesidade antes que o paciente tenha o agravamento da doença e ter a possibilidade de indicar a cirurgia bariátrica apenas para determinados casos. Se atingirem índices em torno dos 30%, os medicamentos vão alcançar os mesmos resultados de uma cirurgia bariátrica, mas sem a necessidade de procedimentos cirúrgicos e suas possíveis complicações.

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    “Sem dúvida vai ser uma arma importante para o controle da obesidade, problema de saúde pública. Os dados para a população americana mostram que, em 2030, serão 50% da população adulta americana serão obesa, e dentre os obesos, um em cada 4 terá obesidade grau 3, ou seja, com IMC acima de 40, portanto grandes obesos”, diz Rodrigo Lamounier, diretor do Departamento de Diabetes da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

    Lamounier diz que os medicamentos são uma grande esperança e que a retatrutida tem potencial para ser “o medicamento mais potente para o tratamento da obesidade”, mas que outras iniciativas devem ser incorporadas, até porque essas drogas têm um alto custo.

    “É muito importante que tenhamos políticas públicas voltadas para o aumento do gasto energético e para melhorar a alimentação da população. Também políticas sobre leis regulatórias, taxação e rotulação de alimentos ultraprocessados, assim como o planejamentos das cidades no sentido de melhorar o acesso para caminhar, estimular o uso do transporte público, para diminuir o tempo sentado, que está relacionado à perda de peso e diminuição de riscos cardiovasculares. São várias iniciativas que devem ser cruzadas.”

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